O zelador Osvaldo Conceição, suspeito de atear fogo em um prédio e espancar uma moradora no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, recebeu alta hospitalar nesta sexta-feira (29). Segundo a Polícia Civil, ele está custodiado e à disposição da Justiça.
O homem havia sido internado após se ferir ao tentar escapar do local do crime, ocorrido na última quarta-feira (27). Nesta sexta (29), ele passou por audiência de custódia.
Vítima segue em estado grave
A moradora agredida, uma mulher de 48 anos, permanece internada inconsciente no Hospital Geral do Estado (HGE). O caso foi registrado pela polícia como tentativa de feminicídio.
Investigação aponta crime além de incêndio
A delegada Zaira Pimentel, responsável pela investigação, afirmou que o caso inicialmente foi tratado apenas como incêndio. No entanto, após ouvir os primeiros depoimentos, a polícia constatou indícios de um crime mais grave.
“No hospital, nós constatamos que se tratava de uma situação de dano qualificado, pelo uso de substância inflamável (gasolina), e tentativa de feminicídio.
Não porque o agressor e a vítima tivessem em um relacionamento, mas pela desconsideração da condição de mulher da vítima”, explicou a delegada.
De acordo com ela, outras linhas de apuração estão em andamento, incluindo a hipótese de que o zelador tenha agido motivado pelo receio de demissão.

Histórico de assédio relatado pela vítima
Amigos da vítima relataram que tanto ela quanto outras moradoras sofriam assédio do suspeito. Em janeiro do ano passado, a mulher chegou a registrar em livro de ocorrências do condomínio um episódio em que teria recebido convite do funcionário para tomar vinho, via aplicativo de mensagens.
No registro, a vítima escreveu:
“Gostaria que alguma providência fosse tomada, pois como funcionário do prédio, o ‘seu’ Osvaldo tem obrigação de manter o devido respeito aos moradores e não lhes causar nenhum tipo de importunação“.
Segundo uma amiga, a relação entre vítima e agressor, antes cordial, deteriorou-se após esse episódio.
“Ele começou a chamar ela para sair, tomar vinho, e ela sempre cortou. Até que chegou ao ponto de ela falar com a esposa dele que estava sendo assediada. Mesmo assim, ele continuava. Ela sofreu isso tudo porque disse ‘não’ [para as investidas do homem]. Ela não queria ter contato com ele de jeito nenhum”, relatou.
A companheira de Osvaldo preferiu não se pronunciar. O zelador, a esposa e o filho vivem no prédio desde a pandemia, em situação de favor.