A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta em caráter de urgência nesta terça-feira (14) sobre o avanço das doenças neurológicas, que hoje afetam mais de 3 bilhões de pessoas no mundo — o equivalente a 40% da população global.
O novo relatório destaca que essas condições resultam em mais de 11 milhões de mortes anuais, tornando-se uma das principais causas de incapacidade e mortalidade no planeta.
“Ao menos um em cada três habitantes do planeta vive com alguma condição que afeta o cérebro. Precisamos garantir que eles tenham acesso ao cuidado que merecem”, afirmou Jeremy Farrar, diretor-assistente-geral da OMS.
Segundo ele, “muitas dessas condições podem ser prevenidas ou tratadas, mas os serviços continuam fora do alcance da maioria, especialmente nas regiões mais pobres”.
As 10 doenças neurológicas mais comuns
O levantamento da OMS aponta que, entre as condições que mais contribuíram para mortes e incapacidades em 2021, estão:
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Acidente Vascular Cerebral (AVC)
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Encefalopatia neonatal
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Enxaqueca
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Alzheimer e outras demências
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Neuropatia diabética
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Meningite
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Epilepsia idiopática
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Complicações neurológicas do parto prematuro
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Autismo
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Cânceres do sistema nervoso
De acordo com o documento, a OMS faz um apelo global por uma resposta coordenada e baseada em evidências para ampliar o acesso ao cuidado neurológico e fortalecer políticas públicas voltadas à saúde cerebral.

Desigualdade e falta de profissionais especializados
Atualmente, 63 países possuem uma política nacional sobre distúrbios neurológicos, mas apenas 34 contam com fundos específicos para financiar ações nessa área.
O cenário é ainda mais preocupante em nações de baixa renda, que têm 80 vezes menos neurologistas do que os países mais ricos.
“A escassez significa que, para muitos pacientes, o diagnóstico oportuno, o tratamento e o atendimento contínuo estão simplesmente fora de seu alcance”, alerta o relatório.
Jeremy Farrar reforça a necessidade de ampliar o acesso:
“Com mais de uma em cada três pessoas no mundo vivendo com condições que afetam o cérebro, nós precisamos fazer todo o possível para melhorar os cuidados de saúde que elas precisam”.
Ele acrescenta: “Muitas dessas condições neurológicas podem ser prevenidas ou tratadas de forma eficaz, mas os serviços continuam fora do alcance da maioria, especialmente em áreas rurais e negligenciadas, onde as pessoas frequentemente enfrentam estigma, exclusão social e dificuldades financeiras”.
Falta de apoio e financiamento
A OMS também chama atenção para o baixo investimento em pesquisa sobre doenças neurológicas, principalmente em países de baixa e média renda. Essa limitação, segundo a agência, impede a criação de políticas eficazes e o desenvolvimento de novas terapias.
Além disso, apenas 46 países oferecem serviços estruturados de cuidados e 44 contam com proteções legais para cuidadores, deixando milhares de trabalhadores informais sem reconhecimento ou apoio institucional.
Um apelo global pela saúde cerebral
A OMS reforça que a crise na saúde cerebral é global e requer ação imediata, com foco em educação, prevenção, diagnóstico precoce e acesso equitativo a tratamento.
O relatório conclui que priorizar o cuidado neurológico é essencial para reduzir mortes e incapacidades evitáveis e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.