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‘Tínhamos que fazer sexo, querendo ou não’, diz brasileira sobre Epstein

Marina Lacerda afirma ter sido vítima aos 14 anos e peça-chave na condenação do bilionário por tráfico sexual

A brasileira Marina Lacerda, hoje com 37 anos, revelou em entrevista à ‘ABC News’ que foi vítima de Jeffrey Epstein, bilionário condenado por tráfico sexual de menores e morto na prisão em 2019. Segundo ela, os abusos começaram quando tinha apenas 14 anos e duraram três anos.

“A casa dele era uma porta giratória de meninas. Toda hora entrava e saía alguém”, relatou Marina. “Com Jeffrey Epstein, tínhamos que fazer sexo, querendo ou não”.

Como Marina conheceu Epstein

Em 2002, recém-chegada aos Estados Unidos com a mãe e a irmã, Marina vivia no bairro do Queens, em Nova York, e trabalhava em três empregos para ajudar no sustento da família. Foi nesse período que uma amiga a apresentou a Epstein com a promessa de um pagamento de US$ 300 por uma massagem.

“Isso passou de um emprego dos sonhos para o pior pesadelo”, contou.

Ela relatou que acreditava que o empresário poderia lhe oferecer uma oportunidade de ascensão social: “Eu pensava que, se eu apenas jogasse o jogo, não seria mais só essa imigrante do Brasil, e teria algo a esperar do futuro”.

Rede de exploração sexual

Segundo Marina, Epstein abusava de até dez mulheres por dia. Os encontros aconteciam em Nova York e em outras residências do bilionário.

“Eu não esperava o que aconteceria naquele dia (…), porque com Jeffrey Epstein, tínhamos que fazer sexo, querendo ou não”, afirmou.

A brasileira disse que, aos 17 anos, foi dispensada por ser considerada “velha demais” pelo empresário.

Epstein
Foto: Reprodução

Papel decisivo na condenação

Marina foi peça-chave no julgamento que levou à condenação de Epstein em 2019. De acordo com a ‘ABC News’, seu depoimento forneceu aos promotores “evidências essenciais” para o processo.

Ela revelou que já havia sido procurada pelo FBI em 2008, mas não pôde testemunhar devido a um acordo judicial fechado por Epstein. Só 11 anos depois conseguiu relatar os abusos formalmente.

Ligações políticas e repercussão

O caso ganhou repercussão mundial pelas conexões de Epstein com figuras influentes, entre elas o ex-presidente Donald Trump. O nome do republicano apareceu em documentos da investigação, mas ele negou envolvimento e disse ter rompido com Epstein em 2004.

A relação provocou constrangimentos políticos nos Estados Unidos e ainda hoje parte dos documentos do caso permanece sob sigilo.

Pressão por transparência no Congresso

Nesta quarta-feira (3), Marina participou de um ato em frente ao Congresso americano para pedir a aprovação de uma lei que determine a abertura de todos os arquivos relacionados a Epstein.

“Como imigrante do Brasil, eu me sinto fortalecida em saber que a garotinha que lutava para sobreviver aos 14 e 15 anos finalmente tem uma voz”, declarou.

O evento contou com os deputados Thomas Massie (republicano) e Ro Khanna (democrata), que defendem a divulgação de documentos mantidos pelo FBI e pelo sistema judiciário.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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