A Polícia Federal (PF) identificou movimentação de R$ 30,5 milhões nas contas do ex-presidente Jair Bolsonaro entre março de 2023 e fevereiro de 2024. Os dados fazem parte de um relatório que integra a investigação contra o ex-chefe do Executivo e seu filho Eduardo Bolsonaro, e apontam suspeitas de lavagem de dinheiro.
Segundo o documento, no período analisado foram registradas entradas de R$ 30.576.801,36 e saídas de R$ 30.595.430,71, praticamente o mesmo valor. Bolsonaro, atualmente, cumpre prisão domiciliar na ação penal sobre uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, estando proibido de sair de casa após as 19h e de usar telefone celular.
Origem das transações
As informações foram apresentadas pelo Banco do Brasil em um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Entre as principais entradas nas contas do ex-presidente, destacam-se:
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R$ 19,2 milhões via PIX, distribuídos em 1,2 milhão de operações;
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R$ 8,7 milhões em 52 resgates de CDB/RDB;
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R$ 1,3 milhão em três operações de câmbio;
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R$ 373,3 mil em rendimentos;
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R$ 304 mil em 203 transferências;
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R$ 166 mil de 12 resgates de investimentos;
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R$ 687,49 de previdência privada.

Pagamentos a advogados e empresas
O relatório também identificou repasses a profissionais e companhias. Entre eles:
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R$ 3,3 milhões ao advogado Paulo Cunha Bueno;
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R$ 3,3 milhões ao escritório DB Tesser;
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R$ 900 mil para uma empresa de engenharia;
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R$ 235 mil a uma empresa de arquitetura.
Transferências para familiares
A PF apontou ainda que a movimentação envolveu familiares de Bolsonaro. Michelle Bolsonaro, esposa do ex-presidente, recebeu transferências, assim como o filho Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú (SC).
O relatório cita que parte das operações de Jair Renan está sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro e outros crimes. Até o momento, nem ele nem sua defesa se manifestaram sobre o caso.
Entre agosto e dezembro de 2024, foram creditados R$ 872 mil em contas de Bolsonaro, com saídas que chegaram a R$ 1,2 milhão. Já entre dezembro de 2024 e junho de 2025, foram registrados R$ 11 milhões em entradas e saídas.
No mesmo período, ocorreram:
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8 transferências para Eduardo Bolsonaro, totalizando R$ 2,1 milhões;
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R$ 2 milhões transferidos para um advogado do ex-presidente;
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R$ 2 milhões enviados a Michelle Bolsonaro.
Investigação em andamento
A PF ressaltou que analisou apenas movimentações com potencial de caracterizar ilícitos, não sendo necessário examinar todas as transações do ex-presidente. O inquérito segue em andamento para apurar a possibilidade de crimes financeiros.