A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou, na manhã desta quarta-feira (3), o julgamento da Ação Penal nº 2.668, que apura a suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus. A sessão começou às 9h18 e segue até o meio-dia, com foco nas sustentações orais das defesas.
Sustentação da defesa de Bolsonaro
O advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa do ex-presidente, iniciou sua manifestação por volta das 10h15. Ele negou qualquer vínculo de Bolsonaro com os ataques de 8 de janeiro de 2023.
“Não há provas que atrelem Bolsonaro ao 8/1”, afirmou. O advogado também colocou em dúvida a validade da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, usada pela acusação.
Veja uma foto de Celso Vilardi, advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro:

Defesa do general Augusto Heleno
Antes de Vilardi, o advogado Matheus Milanez apresentou a defesa do general Augusto Heleno, utilizando slides durante a exposição, recurso autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Milanez argumentou que não teve acesso integral aos documentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) e criticou a condução do processo:
“O juiz não pode tornar-se protagonista do processo”, disse, acrescentando: “Não existe imparcialidade”.
Ao tentar afastar a imagem de Heleno da de Bolsonaro, completou: “Heleno não pediu apoio, nem apresentou minuta”. No encerramento, pediu a absolvição do general.
O que aconteceu no primeiro dia
Na terça-feira (2), o presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, abriu a sessão, seguida pela leitura do relatório do relator, ministro Alexandre de Moraes.
Em seguida, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou a acusação da PGR, pedindo a condenação de Bolsonaro e dos outros sete réus.
Na mesma data, os advogados de Mauro Cid, Alexandre Ramagem e Anderson Torres também realizaram suas sustentações orais.
O STF julgará:
Jair Bolsonaro, ex-presidente; Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro.

Os crimes imputados aos acusados são:
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito – tentativa de impedir o funcionamento dos poderes constitucionais, com pena de 4 a 8 anos.
Golpe de Estado – ato de tentar depor, por meio de violência, o governo legitimamente constituído. A pena é de 4 a 12 anos.
Organização criminosa – formação de grupo com divisão de tarefas para cometer crimes. Pena de 3 a 8 anos.
Dano qualificado – destruição de patrimônio da União, com violência, causando prejuízo relevante. Pena de 6 meses a 3 anos.
Deterioração de patrimônio tombado – destruição de bens protegidos por lei. Pena de 1 a 3 anos.
Próximos passos
Cada advogado tem até uma hora para apresentar seus argumentos. A expectativa é que esta primeira semana de julgamento seja dedicada às defesas, com o voto do relator, Alexandre de Moraes, previsto para a sessão do dia 9 de setembro (terça-feira), já na segunda semana da análise.
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e os outros sete réus deve terminar na próxima sexta-feira, dia12 de setembro.