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Menino de 2 anos morre e corpo fica 24h no sofá de casa

Pais, que são irmãos consanguíneos, não socorreram a criança após convulsão. Irmã de 9 meses foi acolhida pelo Conselho Tutelar

Uma tragédia marcou a comunidade Asa Branca, em Paulista, no Grande Recife. Um menino de 2 anos morreu no domingo (31) após sofrer uma convulsão e passou 24 horas no sofá de casa, sem receber socorro. Os pais, que são irmãos biológicos e mantêm uma relação incestuosa, não acionaram atendimento médico.

O caso só veio à tona na segunda-feira (1º), quando um vizinho percebeu a situação e acionou a Polícia Militar.

Conselheira relata omissão dos pais

Segundo o Conselho Tutelar, o casal relatou que a criança começou a convulsionar e não resistiu. Apesar de morar próximo a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), os responsáveis não procuraram ajuda.

“O menino convulsionou, eles não sabiam o que fazer, tentaram reanimar, mas não conseguiram.

Aí eu perguntei: ‘Chamaram socorro, chamaram Samu, levaram para UPA?’ Não. Mas também não falaram mais nada. Saíram [de casa], voltaram e o menino no sofá”, contou a conselheira tutelar Claudia Roberta.

Histórico de negligência

Moradores afirmaram que o casal era negligente com os filhos. O menino já havia sido acolhido pelo Conselho Tutelar de Olinda em outra ocasião, mas depois retornou para os pais por decisão judicial.

A mãe das crianças, atualmente com 18 anos, também já foi acompanhada pelo Conselho Tutelar quando era menor de idade. O pai tem 24 anos.

Além do menino que faleceu, o casal tem uma bebê de 9 meses, que foi resgatada sem sinais de maus-tratos e acolhida institucionalmente. Caso os avós desejem a guarda, será necessária autorização da Vara da Infância.

polícia - pernambuco
Foto: Artur Ferraz/G1

Incesto no Brasil

O relacionamento entre irmãos não configura crime no Brasil, mas o casamento incestuoso é proibido.

Do ponto de vista médico, a prática é fortemente condenada, devido ao risco elevado de más-formações congênitas em filhos de uniões consanguíneas.

Ação policial e investigação

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que o caso foi registrado como “morte a esclarecer, sem indício de crime”. Os pais prestaram depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas não foram presos.

Na noite da segunda (1º), o Conselho Tutelar esteve na residência e encontrou grande mobilização popular. “Foi nítida a negligência que os vizinhos informaram que esses pais faziam com as crianças. [Os pais] estavam sentados, porque tinha muita polícia, porque queriam linchar eles no local”, afirmou Claudia Roberta em entrevista.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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