O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu o tom durante uma entrevista ao vivo na noite de terça-feira (15) no programa CNN Arena, da CNN Brasil.
A tensão ocorreu enquanto ele comentava o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja preso por tentativa de golpe de Estado.
“Agora, querem me prender por tentativa de golpe. Que golpe, prra? Que golpe é esse? Sem tropas, sem armas, sem Forças Armadas, sem nada”*, disparou Bolsonaro, elevando o tom de voz.
O âncora Leandro Magalhães tentou interromper o ex-presidente por diversas vezes, mas Bolsonaro seguiu falando, citando a prisão de manifestantes e criticando o tratamento dado a eles: “Com coitados nas ruas, uma mulher idosa [foi] presa, 17 anos de cadeia! Uma covardia o que fazem com essas pessoas e querem justificar me prendendo”, afirmou.
Após nova tentativa de intervenção do apresentador, Bolsonaro pediu desculpas e encerrou a participação: “Ok, desculpas”.
Contexto do pedido de prisão de Bolsonaro
A PGR apontou Bolsonaro como parte do “núcleo crucial” de um plano para tentar romper o Estado Democrático de Direito.
Em documento de 517 páginas, o procurador-geral Paulo Gonet classificou o ex-presidente como “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios” relacionados à tentativa de golpe.
O grupo listado pela PGR inclui nomes como:
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Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin
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Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
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Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
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Augusto Heleno, ex-ministro do GSI
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens
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Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
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Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil
Crimes imputados
A denúncia atribui a Bolsonaro e aliados crimes como:
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos)
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Golpe de Estado (4 a 12 anos)
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Organização criminosa armada (3 a 8 anos, podendo chegar a 17 com agravantes)
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Dano qualificado à União (6 meses a 3 anos)
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Deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos)
Com a entrega das alegações finais da PGR à 1ª Turma do STF, as defesas terão agora a última chance de apresentar seus argumentos. Até o momento, todos os réus negam participação em qualquer trama golpista.