Na noite do dia 5 de julho de 2025, o mundo do rock presenciou uma despedida com gosto de eternidade. Em Birmingham, cidade que viu nascer o heavy metal, o Black Sabbath subiu ao palco pela última vez com sua formação original: Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. O evento, batizado de Back to the Beginning, foi mais que um show — foi uma celebração de legado, um encontro de gerações e um tributo ao gênero que ajudaram a fundar.
A despedida emocionou milhares de fãs presentes no estádio Villa Park e milhões que acompanharam a transmissão ao redor do mundo. A apresentação também foi marcada por um gesto de generosidade: toda a arrecadação do festival foi revertida para instituições de caridade, selando o fim com um gesto à altura da grandeza da banda.
Um palco, muitos ícones: a celebração do metal
O festival Back to the Beginning não trouxe apenas os criadores do heavy metal de volta à sua origem — ele também reuniu alguns dos maiores nomes da música mundial. Subiram ao palco bandas como Metallica, Pantera, Aerosmith, Slayer, Guns N’ Roses, Alice in Chains, Anthrax e Lamb of God. Foi um verdadeiro desfile de titãs, unidos por um mesmo motivo: celebrar a trajetória do Sabbath e homenagear Ozzy Osbourne, que realizou ali sua última performance ao vivo.
Além do show principal, o público foi presenteado com colaborações inesperadas, versões inéditas e discursos emocionados de artistas que deixaram claro o quanto o Black Sabbath foi — e continua sendo — uma referência insubstituível no cenário musical global.
Ozzy Osbourne: a última canção no palco
Aos 76 anos e com mobilidade reduzida devido a problemas de saúde, Ozzy Osbourne surpreendeu ao aceitar o desafio de cantar novamente em público. Apoiado por um trono estilizado e por uma equipe médica dedicada, o vocalista encarou o palco com a coragem de quem entende o peso simbólico do momento. Entre as músicas escolhidas, estavam “War Pigs” e “Paranoid”, que ecoaram como um hino coletivo de despedida.
Foi, como ele mesmo disse em seu breve discurso, “o último rugido de um morcego velho que nunca deixou de amar sua caverna”. Palavras que arrancaram lágrimas da plateia e selaram uma das apresentações mais emocionantes dos últimos anos.
Ross Halfin: o clique que eterniza
Para marcar ainda mais a noite, a fotografia oficial do evento foi feita por Ross Halfin, renomado fotógrafo de rock, que registrou em uma única imagem os membros do Sabbath ao lado de nomes como James Hetfield, Steven Tyler, Philip Anselmo, Billy Corgan e Robert Trujillo. O retrato, publicado nas redes e em revistas internacionais, se tornou instantaneamente icônico — uma cápsula do tempo em que lendas se uniram para encerrar um ciclo.
A imagem não é apenas um registro: é símbolo de uma era e de uma comunidade que encontrou no rock não apenas um som, mas um modo de viver.
Mais que música: o impacto social
O show também teve forte impacto social. Toda a renda arrecadada foi direcionada para instituições como o Hospital Infantil de Birmingham, o Cure Parkinson’s Trust e casas de acolhimento para jovens em situação de vulnerabilidade. No total, foram mais de £140 milhões em doações, que devem beneficiar milhares de pessoas.
A iniciativa foi elogiada por líderes locais e internacionais e serviu como lembrete de que o rock, além de atitude, pode ser também solidariedade.
O fim de uma era, o início da lenda
Para muitos fãs, o fim do Black Sabbath representa uma espécie de luto simbólico. Afinal, são mais de cinco décadas de uma história marcada por transgressão, ousadia, talento e reinvenção. Mas também é um início: o início de um legado que agora pertence a todos que seguem inspirados por sua música, sua postura e sua fidelidade às raízes.
Na saída do estádio, uma frase pintada em uma das faixas resumia o sentimento geral: “Vocês acenderam a chama. Nós manteremos a luz acesa.”
Um silêncio que continuará ecoando
Com o último acorde tocado em Birmingham, não há dúvidas: o Black Sabbath encerra sua jornada com dignidade, emoção e respeito. A história se fecha com a mesma força com que começou, nas garagens úmidas da cidade que os viu nascer.
Mas o que fica, mais do que os riffs ou os gritos, é a certeza de que toda despedida sincera carrega dentro de si um pouco de eternidade. E o Sabbath, mais do que uma banda, foi — e sempre será — uma voz que ecoa no subterrâneo da alma de quem viveu, vive e viverá pelo rock.