A WePink, marca de cosméticos da influenciadora Virginia Fonseca, está no centro de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Goiás (MPGO). O órgão acusa a empresa de práticas abusivas, incluindo falta de entrega de produtos, descumprimento de prazos e exclusão de críticas nas redes sociais.
Segundo o MPGO, mais de 90 mil reclamações foram registradas apenas em 2024 no site Reclame Aqui. No mesmo período, o Procon Goiás recebeu 340 denúncias formais relacionadas à marca.
A empresa da influenciadora Virginia Fonseca, com os sócios Samara Pink, Thiago Stabile e Chaopeng Tan, teve um faturamento de R$ 750 milhões em 2024.
Reclamações e irregularidades apontadas
A investigação conduzida pelo MP identificou uma série de condutas consideradas irregulares. Entre as principais queixas, estão:
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Produtos não entregues: clientes pagaram por mercadorias que nunca chegaram.
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Atrasos nas entregas: prazos que chegaram a ultrapassar sete meses.
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Dificuldade de reembolso: resistência da empresa em devolver valores pagos.
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Atendimento automatizado e ineficaz: o suporte não solucionava as demandas dos consumidores.
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Remoção de críticas: comentários negativos foram apagados das redes sociais.
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Produtos com defeito: cosméticos entregues apresentavam problemas ou eram diferentes do anunciado.
Sócio admite venda sem estoque
Durante a apuração, o promotor Élvio Vicente da Silva, titular da 70ª Promotoria de Justiça, citou uma declaração pública de Thiago Stabile, sócio da WePink, que teria admitido a venda de produtos sem estoque suficiente.
“A gente tinha 200 mil faturamentos por mês. A gente saltou de 200 mil faturamentos por mês para 400 mil faturamentos por mês. De fato, tivemos um problema de abastecimento, porque a gente cresceu muito rápido. Algumas vezes, (sim) demora, porque algumas matérias primas acabam, porque a gente vende muito”, disse Thiago Stabile.
Para o MP, essa fala configura publicidade enganosa e demonstra má-fé contratual.
Casos de atraso e multas aplicadas
Em agosto de 2025, o Procon Goiás lavrou um Auto de Infração após constatar violações à defesa do consumidor.
Um dos casos relatados mostra uma cliente que esperou sete meses por um produto que nunca foi entregue, sem reembolso dos valores pagos.

Ação pede suspensão de lives e indenização milionária
O MPGO pediu tutela de urgência para obrigar a WePink a adotar uma série de medidas imediatas, entre elas:
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Suspender novas lives promocionais até regularizar todas as entregas pendentes;
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Criar um canal de atendimento humano, com resposta em até 24 horas;
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Garantir cancelamento e reembolso em até sete dias;
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Entregar imediatamente todos os produtos pagos;
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Pagar multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento.
O Ministério Público também solicita indenização por dano moral coletivo de R$ 5 milhões, que deve ser revertida ao Fundo Estadual de Defesa do Consumidor (FEDC), além de compensações individuais para clientes prejudicados.
Uso da imagem de Virginia e estratégias de “ofertas-relâmpago”
A ação destaca ainda o papel dos donos da marca nas promoções e o uso da imagem de Virginia Fonseca nas campanhas.
Segundo o MP, a influenciadora e os sócios tinham pleno conhecimento das falhas operacionais, mas continuaram promovendo as vendas em larga escala.
O órgão também critica as “flash sales”, ou ofertas-relâmpago, classificando-as como uma estratégia que cria urgência artificial e estimula compras impulsivas, aproveitando-se da vulnerabilidade psicológica dos consumidores.
Defesa ainda não se manifestou
A WePink e a assessoria de Virginia Fonseca foram procuradas pela imprensa para se pronunciar sobre o caso, mas ainda não responderam.
Veja o vídeo da inauguração da primeira loja física da WePink, no Brás, em São Paulo:
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