O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um ultimato público ao presidente russo Vladimir Putin, exigindo o fim da guerra na Ucrânia em até 10 dias. A declaração foi feita nesta terça-feira (29), durante visita à Escócia.
Caso a exigência não seja cumprida até 8 de agosto, Trump promete impor tarifas severas de 100% sobre produtos russos e, possivelmente, também sobre países que mantenham relações comerciais com Moscou.
A posição atual de Trump marca uma guinada em relação ao início de seu segundo mandato. No começo de 2025, ele buscou aproximação com Putin e propôs negociações de paz, inclusive sem a participação da Ucrânia.
À época, chegou a classificar o líder russo como um “homem corajoso” e a criticar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Segundo aliados, a nova postura reflete frustração com a estratégia russa, vista por Trump como uma tentativa de “enrolar” as conversas de cessar-fogo.
A intensificação dos ataques russos, incluindo o maior ataque aéreo contra a Ucrânia registrado em julho de 2025, teria sido decisiva para a mudança de tom.
Um prazo anterior de 50 dias havia sido anunciado em 14 de julho, mas foi reduzido para 10. “Não estou mais tão interessado em conversar com Putin”, afirmou Trump. A decisão foi elogiada por autoridades ucranianas, que interpretam o gesto como apoio explícito de Washington.
Riscos econômicos
Embora os EUA tenham comprado apenas US$ 3,5 bilhões em produtos russos em 2024 (como fertilizantes e combustível nuclear), analistas alertam que o impacto mais relevante viria das tarifas secundárias.
Caso países como China e Índia continuem importando petróleo russo, os EUA poderiam taxar duramente as exportações desses mesmos países para o mercado americano, o que causaria desequilíbrios no comércio global, sobretudo no setor de energia.
Trump, no entanto, minimizou os riscos e afirmou que os EUA podem aumentar a própria produção de petróleo para compensar possíveis perdas.
Reação russa
O Kremlin reagiu com cautela, mas também com tom de desafio. O vice-chefe do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, classificou as ameaças de Trump como “passos em direção à guerra”, alertando que o confronto não seria mais apenas entre Rússia e Ucrânia, mas entre Washington e Moscou. “Não jogue o jogo do ultimato com a Rússia”, afirmou.
Fontes próximas ao presidente Putin indicam que ele não pretende recuar e continuará com a ofensiva militar até que suas exigências sejam atendidas.