O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (30) que o Hamas tem de “3 a 4 dias” para responder ao plano americano que busca encerrar a guerra na Faixa de Gaza. Enquanto isso, o grupo terrorista declarou que estuda a proposta, mas não estabeleceu prazo para dar uma resposta oficial.
Hamas confirma negociações internas
Segundo uma fonte do Hamas ouvida pela ‘AFP’, o grupo iniciou consultas entre líderes políticos e militares “dentro e fora da Palestina”. A avaliação, de acordo com o informante, “pode durar vários dias, dada sua complexidade”.
“O Hamas inicia hoje uma série de consultas entre seus dirigentes políticos e militares, tanto dentro como fora da Palestina. As conversas podem durar vários dias, dada sua complexidade, em particular para coordenar a comunicação entre os membros da liderança e os movimentos após a agressão israelense em Doha”, disse a fonte.
Outra liderança palestina, também em anonimato, confirmou à agência que o plano apresentado pelos EUA está sob análise.
Pressão de Trump
Trump voltou a pressionar o grupo nesta terça-feira (30).
“Vamos esperar por 3 a 4 dias para ver o que acontece. Os países árabes já estão a bordo, os muçulmanos também, Israel também. Estamos apenas esperando pelo Hamas.
(…) Se o Hamas não quiser [o acordo], será um triste fim (…) Não há muito espaço para negociações com eles”, declarou o presidente norte-americano a repórteres.
O plano foi apresentado na segunda-feira (29) em Washington e aceito pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Principais pontos do plano americano
O suposto projeto de paz proposto por Trump tem 20 pontos e prevê:
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Gaza como zona livre de grupos armados;
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Anistia a membros do Hamas que entregarem armas e aceitarem convivência pacífica;
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Criação de um governo provisório em Gaza, composto por tecnocratas palestinos e especialistas internacionais;
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Supervisão de recursos pela entidade chamada ‘Conselho da Paz’, presidido por Trump;
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Retirada gradual das tropas israelenses, substituídas por uma Força Internacional de Estabilização.
Apesar de apoiar o plano, Netanyahu tem resistências em relação à criação de um Estado palestino, possibilidade que o texto deixa em aberto para o futuro.

Reações internacionais
O Catar confirmou que retomará o papel de mediador, em diálogo com Hamas e Turquia. “A delegação do Hamas prometeu estudar [o plano de Trump] de forma responsável”, declarou o porta-voz Majed al-Ansari.
Na Europa, líderes como Emmanuel Macron (França), António Costa (Comissão Europeia) e Keir Starmer (Reino Unido) elogiaram a iniciativa, pedindo que o Hamas aceite a proposta.
Já a Jihad Islâmica Palestina rejeitou a ideia, classificando-a como uma “receita para explodir a região”.
‘Plano de Paz’ de Trump para Gaza é criticado nas redes sociais
O ‘Plano de Paz’ anunciado por Donald Trump para o fim dos conflitos em Gaza tem gerado bastante repercussão nas redes sociais.
“Isso que foi apresentado pelo Netanyahu e pelo Trump na casa branca não é um acordo de paz e muito menos de cessar fogo. Trata-se de um acordo de rendição apresentado pelos EUA que ou o Hamas aceita ou Israel tem carta branca para finalizar a população de Gaza”, disse Biazita Gomes.
“Trump se reuniu com Netanyahu e anunciou ‘Plano de Paz’ em Gaza. Resumo: palestinos entregam o território, os reféns, as armas, pedem desculpas e agradecem por Israel não pedir indenização. Em troca Israel promete deixar entrar comida e não destruir o pouco que sobrou de Gaza”, declarou Pedro Ronchi no ‘X’.
“O ‘plano de paz’ de Trump para Gaza prevê um ‘Conselho da Paz’ liderado por Trump e que incluirá o ex-premier britânico e atual lobista Tony Blair. É uma exigência de rendição às potências coloniais. Trump virou o maior ‘amigo de Israel’, diz Netanyahu”, comentou Guga Noblat.
Cenário em Gaza
Em Gaza, moradores receberam o anúncio com ceticismo. Alguns afirmaram que o Hamas dificilmente aceitará as condições, enquanto outros temem que o plano não traga garantias concretas de paz.
“Como povo, não aceitaremos essa farsa. Seja qual for a decisão do Hamas agora sobre o acordo, já é tarde demais”, afirmou Abu Mazen Nassar à ‘AFP’.
Já Ibrahim Joudeh declarou: “Isso significa que a guerra e o sofrimento continuarão”.
Confira um trecho da coletiva de imprensa que Trump e Netanyahu concederam após a reunião:
O “plano de paz” de Trump para Gaza prevê um “Conselho da Paz” liderado por Trump e que incluirá o ex-premier britânico e atual lobista Tony Blair. É uma exigência de rendição às potências coloniais. Trump virou o maior “amigo de Israel”, diz Netanyahu. pic.twitter.com/0Ofe3RAGRa
— GugaNoblat (@GugaNoblat) September 29, 2025
Agora veja uma fala do primeiro-ministro de Israel em que ele diz que “Se o Hamas rejeitar plano para fim da guerra, Israel terminará trabalho”.
Benjamin Netanyahu ainda completou:
“Isso pode ser feito do jeito fácil ou pode ser feito do jeito difícil. Mas será feito. Nós preferimos o jeito fácil. Mas tem que ser feito. Todos esses objetivos precisam ser alcançados, porque nós não lutamos essa guerra horrorosa sacrificando jovens homens para ter Hamas ainda em Gaza com esses terríveis massacres”.
Confira:
🚨VEJA: Após reunião com Trump, Netanyahu avisa: “Se Hamas rejeitar plano para fim da guerra, Israel terminará trabalho”
pic.twitter.com/kQPtmaDTK1— Meio Independente (@meioindep) September 29, 2025