O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto.
A medida, comunicada em carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi justificada como resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e a supostas práticas comerciais injustas do Brasil.
Trump também acusou o país de restringir a liberdade de expressão de empresas americanas, citando ordens judiciais do STF contra plataformas digitais.
Segundo ele, a tarifa poderá ser evitada caso empresas brasileiras instalem fábricas nos EUA. Qualquer retaliação, prometeu, será respondida com aumento proporcional da taxa.
Após o anúncio, Lula afirmou que o Brasil “não aceitará ser tutelado” e que a reação seguirá a Lei da Reciprocidade Econômica.
O presidente também defendeu a competência exclusiva da Justiça brasileira nos processos ligados aos atos de 8 de janeiro de 2023 e rebateu as críticas sobre redes sociais.
Em reunião no Itamaraty, o governo brasileiro devolveu oficialmente a carta a representantes da embaixada dos EUA, classificando-a como “ofensiva” e “inaceitável”.
Embora Trump tenha alegado desequilíbrio comercial, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que o Brasil registra déficits seguidos com os EUA desde 2009, acumulando US$ 90,28 bilhões até junho de 2025.
Reação russa e expansão do Brics
Um dia após a ofensiva tarifária de Trump, a Rússia sugeriu expandir o Brics. O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Ryabkov, afirmou nesta quinta-feira (10) que o bloco pode aumentar o número de países parceiros, categoria criada na cúpula de Kazan, em 2024.
Atualmente, sob a presidência do Brasil, o grupo conta com novos parceiros como Nigéria, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), os países do Brics somam 40% da economia mundial, superando a participação de 28% do G7.
Trump já havia ameaçado aplicar uma tarifa extra de 10% a qualquer país do Brics, alegando que o bloco busca substituir o dólar como moeda global. Lula respondeu afirmando que os membros do grupo são soberanos e defendem o multilateralismo.