A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta terça-feira (23) seu segundo relatório global sobre hipertensão, revelando que 1,4 bilhão de pessoas conviviam com pressão alta em 2024. Apesar do número alarmante, apenas 20% conseguem controlar a condição por meio de medicamentos ou mudanças no estilo de vida.
O estudo foi apresentado durante um evento promovido pela OMS em parceria com a Bloomberg Philanthropies e a Resolve to Save Lives, durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Desafios no acesso a medicamentos
Segundo o documento, apenas 28% dos países de baixa renda relatam que todos os medicamentos recomendados pela OMS para hipertensão estão disponíveis em farmácias ou unidades de atenção primária.
A análise reuniu dados de 195 países e territórios e constatou que em 99 deles as taxas de controle da doença são inferiores a 20%. A situação é mais crítica em nações de baixa e média renda, onde os sistemas de saúde lidam com recursos limitados.
Barreiras para prevenção e tratamento
Entre os obstáculos listados pelo relatório estão:
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políticas frágeis de promoção à saúde;
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acesso restrito a aparelhos validados para aferição da pressão arterial;
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ausência de protocolos de tratamento padronizados;
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falta de equipes treinadas em atenção primária;
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cadeias de suprimento irregulares e medicamentos caros;
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proteção financeira insuficiente aos pacientes;
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sistemas de informação frágeis para monitorar casos e tendências.

Impactos da hipertensão descontrolada
A pressão alta sem controle é apontada como uma das principais causas de infarto, acidente vascular cerebral (AVC), doença renal crônica e demência.
De acordo com a OMS, entre 2011 e 2025 as doenças cardiovasculares, incluindo a hipertensão, terão custado cerca de US$ 3,7 trilhões (aproximadamente R$ 19,5 trilhões) a países de baixa e média renda.
Falas das autoridades
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou:
“A cada hora, mais de mil vidas são perdidas em derrames e ataques cardíacos devido à pressão alta, e a maioria dessas mortes é evitável.
Os países têm as ferramentas para mudar essa narrativa. Com vontade política, investimento contínuo e reformas para incorporar o controle da hipertensão nos serviços de saúde, podemos economizar milhões e garantir a cobertura universal de saúde para todos.”
Já Tom Frieden, presidente e CEO da Resolve to Save Lives, reforçou a importância do acesso a medicamentos:
“Existem medicamentos seguros, eficazes e de baixo custo para controlar a pressão arterial, mas muitas pessoas não conseguem obtê-los. Fechar essa lacuna salvará vidas – e economizará bilhões de dólares todos os anos.”
Recomendações da OMS
Diante dos resultados, a OMS reforça que todos os países devem integrar o controle da hipertensão em suas reformas de cobertura universal de saúde, como forma de evitar mortes prematuras e reduzir os custos sociais e econômicos associados à pressão alta descontrolada.