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Phubbing: hábito de checar o celular pode prejudicar relacionamentos

Pesquisa revela que ignorar o parceiro para olhar o smartphone reduz a satisfação e pode gerar retaliações

O phubbing, termo que combina as palavras em inglês phone (telefone) e snubbing (desprezar), descreve o ato de ignorar o parceiro para verificar o celular. A cena é comum: em um jantar ou conversa, a atenção se volta para a tela, deixando a outra pessoa de lado.

Segundo informações do ‘The Conversation Brasil’, plataforma colaborativa que traduz pesquisas científicas para a sociedade de forma acessível, esse comportamento aparentemente inofensivo pode trazer sérias consequências para a vida a dois.

O impacto do phubbing na vida a dois

Cenas corriqueiras, como uma notificação que interrompe um encontro, podem parecer banais, mas estudos apontam que o phubbing está associado à queda da satisfação no relacionamento, aumento do ressentimento e até conflitos diretos.

Pesquisadores acompanharam 196 pessoas durante vários dias, pedindo que relatassem se se sentiram ignoradas pelo parceiro e como reagiram. O resultado foi consistente: nos dias em que o phubbing ocorreu, houve relatos de pior humor, frustração e maior insatisfação conjugal.

“O phubbing pode fazer com que a pessoa que é ignorada se sinta excluída, menos importante e menos conectada”, destacam os pesquisadores, explicando que o fenômeno se relaciona com a teoria da equidade nos relacionamentos, quando o investimento de atenção não é equilibrado, a conexão enfraquece.

Quem sente mais os efeitos

O impacto, porém, não é igual para todos. Pessoas com ansiedade de apego, que temem rejeição e buscam constante segurança, relataram maior queda de autoestima e mais ressentimento diante do phubbing. Muitas delas admitiram retaliar, pegando o celular para buscar validação em outros contatos.

Já aqueles com apego evitante — desconfortáveis com intimidade — relataram menor queda de satisfação, mas também recorreram ao celular como forma de retaliação.

Outro fator observado foi o narcisismo. Indivíduos com alta rivalidade narcisista, que prezam status e atenção, demonstraram mais raiva e conflitos, mesmo quando não eram ignorados. Já os que se destacavam pelo perfil de “admiração narcisista” apresentaram maior bem-estar, embora também mais propensos a discutir quando se sentiam deixados de lado.

Quando a retaliação vira regra

Um estudo de 2022 mostrou que a reação mais comum ao phubbing é fazer o mesmo. Entre os principais motivos relatados estavam “vingança”, busca por apoio em outras pessoas e desejo de aprovação nas redes sociais. Embora menos frequente, o tédio também foi citado como gatilho para pegar o celular em resposta.

casal jantando
Foto: Ben Iwara/Unsplash

Como quebrar o ciclo

Especialistas sugerem medidas simples para reduzir o impacto do phubbing:

  • Estabelecer zonas livres de celular, como durante refeições e na hora de dormir;

  • Explicar brevemente quando for inevitável checar uma mensagem;

  • Conversar abertamente sobre limites e expectativas em relação ao uso do smartphone.

Reconhecer os próprios gatilhos também pode ajudar. Muitas vezes, o phubbing não reflete falta de amor ou desinteresse, mas sim um hábito automático difícil de controlar.

Estar presente é a chave

Embora os smartphones façam parte do cotidiano e não devam desaparecer, os estudos reforçam que a escolha consciente de estar presente pode fortalecer os relacionamentos.

Como destacam os pesquisadores: “Quando você larga o celular, você retoma seu relacionamento”

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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