Uma pesquisa conduzida pelo Laboratório de Química Atmosférica da PUC-Rio trouxe novas preocupações sobre os cigarros eletrônicos descartáveis disponíveis no mercado brasileiro.
O estudo analisou dispositivos novos, ainda lacrados, e revelou concentrações elevadas de níquel, cobre, estanho e zinco nos líquidos presentes nos cartuchos.
Os cientistas explicam que esses metais têm origem nos próprios circuitos elétricos dos vapes. Durante o uso, o aquecimento faz com que partículas metálicas se desprendam e contaminem o líquido vaporizado, expondo os usuários a um coquetel de substâncias nocivas mesmo antes da primeira tragada.
A presença desses metais está associada a doenças respiratórias crônicas, lesões pulmonares, inflamações e até ao risco de câncer.
Além disso, os pesquisadores identificaram aromatizantes e realçadores de sabor adicionados ao líquido, compostos que, quando inalados, também podem causar efeitos tóxicos no organismo.
No Brasil, a comercialização de cigarros eletrônicos é proibida desde 2009. Ainda assim, os produtos seguem amplamente disponíveis, com forte adesão entre jovens e adolescentes.
A popularidade, somada à percepção equivocada de que os vapes seriam uma alternativa mais segura ao cigarro convencional, amplia a preocupação de autoridades de saúde.
De acordo com os especialistas, os resultados reforçam a necessidade de campanhas de conscientização e de uma fiscalização mais rigorosa, não apenas contra a venda ilegal, mas também alertando sobre os riscos invisíveis desses dispositivos.
O estudo da PUC-Rio evidencia que a exposição a metais pesados e aditivos químicos pode ocorrer de forma precoce e silenciosa, transformando os vapes descartáveis em um risco ainda maior para a saúde pública.