O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oficializou nesta quarta-feira (13) uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para empresas brasileiras impactadas pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos sobre diversos produtos nacionais. A medida provisória foi assinada durante cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença de ministros, empresários e representantes de setores exportadores.
Segundo Lula, a nova taxação “não é comercial” e prejudica injustamente o país. “Todo mundo sabe que a gente não quer brigar com ninguém, que a gente faz concessões, mas a gente não merecia isso”, declarou. O presidente também citou outros países afetados, como a Índia, e acusou a medida de enfraquecer o multilateralismo.
O que o presidente quis dizer? Que as taxas impostas pelos EUA a vários países, incluindo o Brasil, tem também o objetivo de reduzir a importância, a influência ou a eficácia dos mecanismos e instituições internacionais que promovem a cooperação entre vários países.
O plano inclui prorrogação de 1 ano no prazo do drawback, diferimento de impostos pela Receita, crédito tributário de até 6%, mais acesso a seguros de exportação e compras públicas de produtos impactados.
Impacto do tarifaço e setores atingidos
O tarifaço imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump entrou em vigor na semana passada, mas cerca de 700 produtos foram isentados, correspondendo a 45% das exportações brasileiras para os EUA, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Entre os setores mais prejudicados estão:
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Café: 16,7% do café não torrado exportado pelo Brasil foi destinado aos EUA em 2024, gerando US$ 1,9 bilhão. A perda estimada em Minas Gerais é de R$ 1 bilhão.
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Madeira: Exportações de US$ 1,6 bilhão ao mercado americano, com 50% da produção nacional dependente desse destino.
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Carnes: Perdas previstas de US$ 1 bilhão, segundo a Abiec.
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Pescados: 70% das exportações vão para os EUA, com expectativa de impacto sobre US$ 350 milhões em vendas.
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Frutas: 7% do volume exportado em 2024 foi para o mercado norte-americano.

Governo mira pequenas empresas e alimentos perecíveis
Na ocasião, Lula afirmou que o plano dará prioridade às pequenas empresas e a produtos perecíveis, como frutas, mel e espinafre. “As grandes empresas têm mais poder de resistência. Nós vamos aprovar [a MP], e acho que vai ser importante para mostrar que ninguém ficará desamparado pela taxação do presidente Trump”, disse.
O presidente reforçou que a estratégia busca preservar empregos e abrir novos mercados para os exportadores prejudicados. “Vamos cuidar dos trabalhadores dessas empresas, vamos procurar achar outros mercados. […] Ninguém larga a mão de ninguém”, acrescentou.
Reações do governo e empresários
Durante a cerimônia, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou a medida norte-americana como uma “chantagem” e uma “injustiça”.
Já o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, lembrou que, dos dez principais produtos exportados pelos EUA ao Brasil, oito têm tarifa de 0%. “Não há nenhuma justificativa, medida totalmente inadequada”, afirmou.
Desde o anúncio do tarifaço, Alckmin conduziu mais de 100 reuniões com empresários e representantes dos setores mais afetados para estruturar o pacote de apoio.
Confira o vídeo publicado no perfil oficial do Presidente Lula no Instagram:
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