O empresário Luciano Hang, fundador e rosto da rede de lojas Havan, provocou repercussão ao afirmar que “poderia sair do Brasil” caso futuros governos de esquerda adotem medidas que inibam investimentos — especialmente em um contexto de perda de confiança no ambiente de negócios. Apesar da frase ter sido retirada de vídeo antigo, o conteúdo viralizou em redes sociais sinalizando possível êxodo empresarial.
O contexto real por trás da fala
Em entrevista em outubro de 2022, Hang declarou que não repetiria os investimentos caso o então candidato Lula vencesse a eleição, afirmando que “iria rever sua vida”, sem, porém, anunciar fechamento ou saída do país. A rede Havan, por sua vez, negou que haja qualquer plano de encerramento das atividades, reafirmando o funcionamento normal das 170 megalojas e o lançamento de novos pontos de venda em 2025.
Hang: um empresário-fenômeno apoiador do bolsonarismo
Hang se destacou politicamente desde 2018 por seu vinculo aberto com Jair Bolsonaro e defensores do liberalismo econômico. Seu posicionamento gerou repercussão nacional ao afirmar que “repensaria sua vida” se a esquerda retornasse ao poder — mantém imagem pública vinculada à crítica ao PT e suas políticas. Apesar disso, esses posicionamentos ocorreram em contexto hipotético, e não como anúncio de ruptura real com suas atividades no país.
Reação à ameaça: temor versus retórica
A declaração reacendeu discussões sobre confiança dos investidores no Brasil. Para economistas e redes varejistas concorrentes, o discurso enfatiza incerteza política, embora Hang seja visto como personagem simbólico, com influência política mas sem poder coercitivo institucional.
Do ponto de vista social, opositores argumentam que, em um país com milhões de empregos formais na rede varejista, ameaças de saída soam como pressão política — e reforçam o debate sobre privilégios e responsabilidade empresarial em contexto democrático.
O que isso tange ao cidadão comum?
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Para funcionários da Havan ou população em cidades com megalojas, há preocupação com o significado de tais declarações na estabilidade local.
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Para consumidores, trata-se de lembrar que o comportamento de grandes marcas pode impactar preços, disponibilidade e crédito.
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Para o eleitor, a fala alimenta o debate sobre influência econômica na narrativa política — quem fala com voz empresarial pode sustentar um argumento de ruptura global, mas sem afetar verdadeiros fundamentos institucionais.
Além das palavras: o embate entre liberdade de expressão e compromisso social
Hang afirmou que prefere “cuidar de si”, caso se restabeleça um governo de esquerda. Diante disso, a Havan reafirma investimentos e lucros — projetou abertura de novas lojas e obteve lucro de cerca de R$ 1,24 bilhão no primeiro semestre de 2024.
O episódio reflete um dilema mais amplo: quem detém capital enfrenta expectativas diversas — ter voz política não implica legitimidade social para desestabilizar mercados locais ou enviar mensagens que causem angústia em trabalhadores.
Fuga simbólica ou reflexão sobre futuro?
A frase de Hang sobre deixar o Brasil pode ser encarada como retórica política ou alerta informal de vulnerabilidade dos empresários a mudanças no cenário econômico. O que se consolida é que nenhum grupo econômico parece estar acima das incertezas do país — nem com ameaça, nem com conformismo.
Hang deixou claro que deseja continuar investindo, mas precisa de segurança jurídica e econômica. Num estado democrático, falar isso é legítimo. Mas o teste real do discurso está na solidez da operação da Havan, na confiança dos consumidores e nas escolhas dos cidadãos — pois país que quer crescer não finge que não precisa entender expressão democrática, respeito aos contratos e compromisso coletivo.
