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Homem transplantado se apaixona pela viúva de seu doador

Caso inusitado ocorrido em Mato Grosso do Sul mostra como a doação de órgãos pode transformar vidas e unir destinos inesperados

A trajetória de Leila de Oliveira Mendes, 51 anos, e Celeidino Vieira Fernandes, 65, começou de forma improvável. Diagnosticado com cardiomiopatia dilatada, Celeidino recebeu dos médicos uma previsão de apenas seis meses de vida. A única alternativa seria um transplante de coração.

O órgão veio de Ademilson Souza Batista, marido de Leila, que teve morte encefálica aos 26 anos após ser atingido por um disparo em setembro de 1998. “A decisão de doar [os órgãos] foi dele, ainda em vida”, contou Leila. Nove dias antes da tragédia, Ademilson havia registrado no RG sua vontade de ser doador.

Segundo informações do portal ‘UOL’, apesar do momento difícil e da resistência inicial, Leila optou por cumprir o desejo do marido. “Eu era contra [a doação de órgãos], mas tomei essa decisão no hospital, quando a equipe de acolhimento disse que poderia salvar um pouco dele, que o Ademilson poderia viver em outra pessoa”, relatou.

Cinco pacientes foram beneficiados pela decisão, incluindo Celeidino, que recebeu o coração.

Da Gratidão ao Amor

Movido pelo desejo de agradecer, Celeidino iniciou uma busca pela família de seu doador. Um ano após o transplante, conseguiu encontrar Leila. “Procurei a família por gratidão, eu precisava de um coração e queria agradecer”, disse.

Ao encontrar-se com a viúva, Celeidino fez um gesto que marcou para sempre a relação: “Celeidino me puxou, me abraçou e falou: ‘escuta aqui o coração do teu marido’”, relembra Leila.

A amizade se transformou em amor com o tempo. “Ela me encantou por sua garra, determinação e honestidade, além de ter dois filhos que amei logo que conheci”, contou Celeidino.

Para Leila, o sentimento veio de forma inesperada: “Confesso que não queria muita aproximação com ele… Um dia, nós nos despedimos com um beijo que sem querer pegou nos lábios. Aí pronto, fiquei pensativa por 4 dias (risos)”.

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Foto: Sasin Tipchai/Pixabay

Uma Vida de Conscientização

Morando em Jardim (MS), o casal mantém o relacionamento há mais de 20 anos e atua na conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Em 2019, Celeidino precisou de um transplante de rim devido a complicações de medicamentos imunossupressores. A cirurgia foi bem-sucedida, garantindo-lhe uma nova oportunidade de vida.

“Por mais difícil que seja o momento da perda, seja doador. Além de salvar uma vida, o doador salva também a mãe, o filho, o pai, o irmão de alguém. Salva a vida e salva a felicidade de outra família”, reforça Celeidino.

Doação de órgãos e Sigilo

Segundo o Decreto nº 9.175/2017, a identidade entre doadores falecidos e receptores deve ser preservada para garantir ética e segurança no processo. O contato só é permitido em casos de doação em vida entre parentes de até quarto grau.

A Central de Transplantes do Estado de São Paulo explica que “o anonimato e a ausência de contato têm como objetivo garantir a tranquilidade de todos os envolvidos”.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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