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Hacker do caso Felca pagou R$ 300 por acesso a sistema da polícia

Operação policial revelou uso indevido de credenciais em plataformas governamentais; grupo Country é apontado como responsável

Um adolescente de 17 anos admitiu ter pago R$ 300 para obter credenciais que garantiam acesso a sistemas governamentais, segundo investigações conjuntas das polícias civis de São Paulo e Pernambuco. O caso está ligado à atuação da organização criminosa digital conhecida como Country, que já vinha sendo monitorada por autoridades de segurança.

A descoberta ocorreu durante uma operação realizada no dia 25 de agosto, quando equipes localizaram Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, apontado como líder do grupo e conhecido pelos apelidos Lucifage e F4llen. Ele foi surpreendido em Olinda (PE), ao lado de um adolescente de 17 anos que, segundo a investigação, atuava como seu parceiro na coordenação das atividades ilegais.

Cayo foi identificado e preso após ter ameaçado o youtuber Felca de morte depois da publicação do vídeo de denúncia sobre ‘Adultização’ de crianças e adolescentes nas redes sociais.

O conteúdo do vídeo de Felca, que já ultrapassa 49 milhões de visualizações, chamou atenção para crimes praticados contra menores. O hacker Cayo lucrava com a comercialização de imagens obtidas em crimes de estupro virtual.

No local, a polícia encontrou o computador da dupla já conectado ao sistema da Secretaria de Desenvolvimento Social de Pernambuco (SDS-PE). Mensagens em aplicativos como WhatsApp e Telegram indicavam a comercialização de dados de diferentes órgãos públicos.

Venda de acessos e fraudes em sistemas oficiais

De acordo com a apuração, Cayo Lucas era especializado na compra e venda de logins governamentais, incluindo sistemas restritos de polícias estaduais, do Judiciário e da Saúde.

Entre as práticas atribuídas ao suspeito estão a inclusão de mandados de prisão falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), a geração de multas e dívidas fraudulentas, além da emissão irregular de óbitos no sistema da Receita Federal.

A polícia destaca que o acusado já havia sido alvo da ‘Operação Conexão Fatal’, da Polícia Federal, em junho deste ano.

Mesmo assim, ele teria continuado a cometer crimes cibernéticos, demonstrando, segundo os investigadores, uma “sensação de impunidade” e “desprezo pelas instituições públicas”.

Hacker - Cayo Luas Rodrigues dos Santos - Lucifage e F4llen
Fotos: Reprodução

Atuação do grupo Country

O grupo Country, monitorado desde 2024 pelo Núcleo de Observação de Análise Digital (Noad) da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, opera principalmente em plataformas como Telegram e Discord.

As autoridades apontam o envolvimento da organização em crimes graves, como ameaças a autoridades e vítimas, estupros virtuais, indução à automutilação e até incentivo ao suicídio. Estima-se que cerca de 400 pessoas em todo o Brasil tenham sido afetadas.

O acesso ao sistema da SDS-PE e a comercialização de dados revelam uma nova frente de atuação criminosa do grupo, ampliando a gravidade das atividades já investigadas.

O que diz o governo de Pernambuco

Em nota enviada ao portal ‘Metrópoles’, a Secretaria da Defesa Social de Pernambuco afirmou que “até o momento” não identificou “falha ou vulnerabilidade” no sistema.

A pasta ressaltou que apura “o possível uso irregular de credenciais de acesso” e anunciou a implementação da autenticação em dois fatores como medida adicional de segurança.

O órgão também confirmou que tanto Cayo Lucas quanto o adolescente tiveram acesso “de forma indevida” a um dos sistemas da instituição.

Ambos permanecem sob custódia após decisão judicial que converteu as prisões em encarceramento preventivo.

Felca
Foto: Reprodução/YouTube

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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