Data...

Um novo estudo da Universidade McMaster, no Canadá, trouxe à tona uma conclusão inesperada: o consumo de proteína animal poderia estar associado a menor risco de morte por câncer. A descoberta vai na contramão de recomendações internacionais e reacende a polêmica sobre os impactos da carne vermelha na saúde.

OMS mantém alerta sobre carne vermelha

A Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), classifica a carne vermelha como “provavelmente cancerígena para humanos”.

Carnes como bovina, suína e de cordeiro estão nessa categoria. Já as carnes processadas – como bacon, salsicha e presunto – são consideradas cancerígenas comprovadas, devido às fortes evidências de relação com o câncer colorretal.

Essas classificações servem de base para orientações que recomendam moderação no consumo.

O que o novo estudo investigou

Segundo informações do The Conversation Brasil, plataforma colaborativa que traduz pesquisas científicas para a sociedade de forma acessível, a pesquisa da McMaster não analisou apenas carne vermelha, mas o consumo de “proteína animal”, incluindo carnes de diferentes tipos, peixes, ovos e laticínios.

Nesse agrupamento, alimentos como peixes oleosos (sardinha, cavala, salmão) — já reconhecidos por oferecerem efeitos protetores contra o câncer — podem ter influenciado os resultados.

Outro ponto levantado é que o estudo não diferenciou carnes processadas de carnes frescas, distinção considerada essencial em diversas pesquisas anteriores.

Financiamento e limitações

O estudo foi financiado pela National Cattlemen’s Beef Association, um dos principais grupos de lobby da indústria de carne bovina dos Estados Unidos. Além disso, não avaliou tipos específicos de câncer, o que limita a interpretação dos resultados.

Sobre proteínas vegetais, como leguminosas, soja e nozes, os autores relataram que não apresentaram forte efeito protetor contra mortes por câncer — conclusão que diverge de trabalhos anteriores.

carne vermelha - hambúrguer
Foto: Juliana Romão/Unsplash

Vozes da ciência

Especialistas reforçam que os resultados não devem ser vistos como permissão para aumentar o consumo de carne sem limites.

“Mesmo que as conclusões do estudo sobre a proteína animal se mostrem precisas, elas não devem ser interpretadas como um sinal verde para o consumo ilimitado de carne”, destacam os autores.

O consumo excessivo de carne vermelha continua associado a doenças cardiovasculares e diabetes. A recomendação segue sendo o equilíbrio: combinar diferentes fontes de proteína, muitos vegetais e alimentos minimamente processados.

O que permanece claro

Apesar do novo estudo, especialistas lembram que a ciência da nutrição é complexa e que isolar os efeitos de alimentos individuais é um desafio.

A orientação mais segura continua sendo uma alimentação variada, rica em frutas, vegetais e com moderação no consumo de carnes.

Como resume o professor Ahmed Elbediwy, da Universidade de Kingston:

“As pessoas não comem nutrientes isolados – elas consomem combinações complexas de alimentos como parte de padrões de estilo de vida mais amplos.”

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Envie sua notícia!

Participe do OCorre enviando notícias, fotos ou vídeos de fatos relevantes.
Preencha o formulário abaixo e, após verificação de nossa equipe, seu conteúdo poderá ser publicado.