O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 68 anos, foi executado a tiros na noite desta segunda-feira (15), na Praia Grande, no litoral paulista. O crime, marcado por violência e ousadia, chocou o país e mobilizou uma força-tarefa para identificar os autores.
O atentado ocorreu por volta das 18h, na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. De acordo com imagens de câmeras de segurança, o carro do ex-delegado foi perseguido por outro veículo com criminosos. Durante a fuga, o automóvel de Fontes colidiu com um ônibus e capotou.
Segundo a Polícia Militar, indícios apontam que ele já havia sido baleado antes do acidente. Na sequência, três homens armados desceram do carro e efetuaram diversos disparos com fuzis contra o ex-delegado.
“Grande parte do corpo. Braços, pernas e abdômen. Foram diversos disparos”, relatou o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian.
Testemunhas registraram cenas de pânico no local, e uma mulher chegou a se jogar no chão para se proteger dos tiros. O Samu constatou a morte de Fontes no local.
Além dele, um homem e uma mulher que passavam pela via foram atingidos. Ambos foram socorridos e levados ao Hospital Municipal Irmã Dulce, sem risco de morte.

Quem foi Ruy Ferraz Fontes
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes construiu uma trajetória de mais de 40 anos na Polícia Civil. Atuou em departamentos estratégicos como o DHPP, Denarc e Deic.
Nos anos 2000, ganhou destaque ao liderar investigações contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), realizando prisões de lideranças e mapeando a estrutura da facção.
Durante sua gestão, medidas como a transferência de chefes da organização para presídios federais enfraqueceram temporariamente o poder do grupo dentro das cadeias.
Entre 2019 e 2022, foi delegado-geral da Polícia Civil, indicado pelo então governador João Doria. Em 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até segunda-feira (15), dia da execução.

Linhas de investigação
A polícia trabalha com duas principais hipóteses:
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Vingança pela atuação histórica de Fontes contra líderes do PCC;
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Reação de criminosos descontentes com sua atuação na Prefeitura de Praia Grande.
“[Ruy] foi uma das pessoas que prendeu o Marcola ao longo da história do PCC, que esteve passo a passo nesse enfrentamento.
Ser executado dessa maneira mostra, infelizmente, o poderio do crime organizado”, afirmou Rafael Alcadipani, professor da FGV e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Próximos passos
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, determinou mobilização imediata. “Estou estarrecido. É muita ousadia. Uma ação muito planejada, por tudo que me foi relatado”, declarou.
A polícia encontrou dois carros usados na ação, um deles incendiado, a cerca de dois quilômetros do local. Ambos haviam sido roubados em São Paulo. Dentro de um dos veículos, foram apreendidos carregadores de fuzil e munições.
“Estamos em fase de perícia, localizamos um veículo agora, mas nada pode ser descartado. Todas as linhas vão ser checadas”, destacou o delegado Artur Dian.
Confira o momento em que Ruy Ferraz Fontes foi executado:
Vídeo mostra delegado Ruy Ferraz Fontes sendo perseguido e executado por criminosos em SP https://t.co/uzyeXeKIg1 #g1 pic.twitter.com/I8M4ovDFkZ
— g1 (@g1) September 15, 2025