A poucas horas do encontro entre Donald Trump (presidente dos EUA) e Volodymyr Zelensky (presidente da Ucrânia) na Casa Branca, nesta segunda-feira (18), a península da Crimeia voltou ao centro do debate, mencionada publicamente pelos dois presidentes.
Rumores de bastidores indicam que Kiev estaria sob pressão dos EUA para aceitar um acordo de paz que incluiria o reconhecimento da península como parte da Rússia. Apesar disso, Zelensky afirma que não abrirá mão de nenhum território:
“Não aceito a cessão de nenhum território da Ucrânia”, reforçou, defendendo o respeito às fronteiras válidas entre 1991 e 2014.
Importância estratégica da Crimeia
Com 27 mil km², a Crimeia é comparável ao tamanho da Bélgica e ocupa posição-chave no Mar Negro, onde está localizado o porto de Sebastopol.
Historicamente disputada, a região foi conquistada pelo Império Russo no século 18, transferida à Ucrânia em 1954 por Nikita Khrushchov e anexada por Moscou em 2014, após um referendo não reconhecido pela comunidade internacional. Na ocasião, o presidente Vladimir Putin declarou que a península era uma parte inseparável da Rússia.

Outros territórios em disputa
Além da Crimeia, Moscou reivindica áreas que somam 20% do território ucraniano. Entre elas estão:
Zaporizhzhia
Localizada entre a Crimeia e o Donbas, a região ganhou destaque pela presença da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. Ocupada por tropas russas em 2022, a instalação encontra-se praticamente desativada, o que afeta o fornecimento de energia na Ucrânia.
Donbas (Donetsk e Luhansk)
A região, rica em carvão e com parque industrial estratégico, tornou-se foco de conflito após 2014, quando separatistas pró-Rússia declararam a criação das repúblicas populares de Donetsk e Luhansk. Nenhuma delas foi reconhecida internacionalmente, mas Moscou passou a considerá-las entidades soberanas em 2022, pouco antes da ofensiva militar contra a Ucrânia.
Caminho para o cessar-fogo ainda incerto
Apesar das pressões externas, Zelensky mantém a posição de que apenas as fronteiras reconhecidas entre 1991 e 2014 são válidas. Já Moscou exige soberania sobre a Crimeia, Zaporizhzhia, Donetsk e Luhansk como condição para assinar um tratado de paz.
A definição sobre esses territórios deve ser um dos pontos mais delicados das negociações em andamento, que buscam encerrar um conflito iniciado há mais de uma década.