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Coringa da LOUD é processado por Mariana Ayrez após ataques misóginos: “Não é entretenimento, é violência”

Mariana Ayrez processa Coringa, da LOUD, por omissão em ataques coordenados e misóginos após desentendimento na Kings League; influenciador nega culpa.

Na era das redes sociais, a linha entre entretenimento e violência simbólica tem se tornado cada vez mais tênue. Prova disso é o processo judicial movido pela comentarista e streamer Mariana Ayrez contra Victor “Coringa” Camilo, influenciador digital e presidente do time LOUD, um dos maiores nomes da cena gamer brasileira.

A ação foi protocolada após um episódio conturbado ocorrido em 31 de março de 2025, durante uma transmissão da Kings League Brasil, evento esportivo que mistura futebol e entretenimento, e que tem atraído milhões de espectadores no país. O embate entre os times LOUD e Nyvelados, equipe presidida por Mariana, extrapolou os limites do jogo e, segundo a streamer, resultou em uma onda de ataques misóginos que não ficaram restritos ao campo virtual.

Tudo começou com um desentendimento em campo

Durante a transmissão, uma discussão entre integrantes dos dois times acabou gerando forte repercussão nas redes. Mariana, que já vinha se destacando por sua postura firme e liderança dentro da Kings League, foi alvo de críticas e zombarias por parte de torcedores da LOUD e seguidores de Coringa.

Nas horas e dias seguintes, os ataques se intensificaram. Mariana afirma que recebeu centenas de mensagens ofensivas, com teor misógino e difamatório, direcionadas não apenas à sua atuação como gestora, mas também à sua aparência, gênero e integridade. Em entrevista à imprensa, a comentarista reforçou que o episódio passou dos limites do entretenimento:

“Não é só hate. É violência simbólica, é misoginia institucionalizada. E quando isso vira conteúdo lucrativo, é ainda mais perverso.”

O papel de Coringa no ataque: omissão ou incentivo?

O ponto central da acusação é que Coringa teria se omitido propositalmente diante da campanha de assédio virtual — ou, pior, que teria incentivado indiretamente seus seguidores por meio de comentários, repostagens e transmissões que alimentaram o conflito.

Segundo os advogados de Mariana Ayrez, o influenciador teria lucrado com a repercussão negativa, chegando a registrar mais de dois milhões de visualizações em lives que abordavam o caso, sem jamais tomar uma atitude clara de contenção ou repúdio aos ataques.

“Ele é uma figura pública, com milhões de seguidores. A responsabilidade vem com o alcance. Ignorar isso é conivência”, afirmou a equipe jurídica da streamer.

A busca por justiça e respeito no ambiente gamer

Mariana decidiu levar o caso à Justiça com um pedido de indenização por danos morais e uma tentativa de abrir um precedente para que figuras públicas do cenário gamer assumam maior responsabilidade sobre seus discursos e comunidades.

Em sua argumentação, a streamer salienta que esse tipo de assédio sistemático não é novo, mas costuma ser normalizado no meio. Segundo ela, episódios assim refletem a cultura misógina que ainda domina os bastidores da indústria de games e esportes digitais.

“Por muito tempo, disseram que ‘isso faz parte’. Não, não faz. E se continuar fazendo, alguém precisa colocar um freio.”

A resposta de Coringa e a repercussão entre fãs

Até o momento, Coringa ainda não se manifestou formalmente no processo, mas negou qualquer envolvimento direto na campanha de ódio em vídeos recentes. Em tom defensivo, afirmou que nunca incentivou ataques pessoais e que preza pelo respeito entre os participantes da Kings League.

Ainda assim, a falta de ações concretas para conter os ataques — como um pedido público de desculpas, moderação de comentários ou o uso de sua influência para acalmar os ânimos — é o que sustenta a narrativa de que houve conivência ou, no mínimo, irresponsabilidade social.

A comunidade gamer está dividida: parte do público apoia Mariana e sua coragem de denunciar um comportamento que, segundo eles, já passou do ponto; outra parte continua defendendo Coringa, alegando que ele não tem controle sobre a internet.

Mais do que um processo: um pedido por mudança

Este não é apenas um caso entre duas personalidades digitais. É um sintoma de algo maior: a dificuldade de mulheres ocuparem espaços de liderança e visibilidade no universo gamer sem serem reduzidas a alvos.

Mariana Ayrez não está processando apenas por si. Sua ação é também um pedido coletivo por respeito, limites e responsabilidade dentro de uma cultura que muitas vezes prefere o “hype” à empatia. E, talvez, esteja pavimentando um novo caminho para quem vem depois.

“Não vou me calar, porque sei que não sou a única. E se a gente continuar fingindo que é normal, nada vai mudar.”

O futuro do caso e os impactos para o cenário digital brasileiro

O processo ainda está em fase inicial, mas já levanta discussões urgentes sobre a responsabilidade civil de influenciadores, a moderação de comunidades online e os limites éticos do conteúdo de entretenimento ao vivo. À medida que a audiência digital cresce, também cresce a exigência de maturidade por parte de seus protagonistas — não apenas no que dizem, mas, sobretudo, no que silenciam.

Enquanto o Judiciário analisa o mérito da ação, o público acompanha com atenção os desdobramentos. Afinal, o que está em jogo não é apenas um conflito individual, mas o padrão de comportamento que será aceito ou questionado na cultura digital brasileira daqui em diante. A forma como esse caso será conduzido — tanto na esfera jurídica quanto no tribunal da opinião pública — pode servir como um divisor de águas para a comunidade gamer e para a atuação de influenciadores em todo o país.

Emanoelly Rozas

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