Pouco mais de um ano após as enchentes históricas que deixaram o Rio Grande do Sul submerso, o estado volta a enfrentar a subida das águas. Animais morreram arrastados pela correnteza, lavouras inteiras foram perdidas e centenas de casas ficaram ilhadas.
Segundo boletim do governo estadual divulgado nesta segunda-feira (24), mais de 140 municípios foram atingidos pelas chuvas, e 25 cidades decretaram situação de emergência. Em Jaguari, o cenário é ainda mais grave: o município está em estado de calamidade pública.
O impacto é devastador também no campo. Mais de 7 mil pessoas estão desabrigadas, segundo dados oficiais. Entre elas poderia estar Fabiano André Kappaun, agricultor de Candelária, na região central do estado.
Sua propriedade, localizada na zona rural, ficou totalmente isolada pelas águas, mas ele conseguiu alugar uma casa temporária para a família na área urbana.
Mesmo tendo concluído a colheita de soja e arroz antes das chuvas, Fabiano estima que precisará investir pelo menos R$ 100 mil para recuperar o solo e torná-lo produtivo novamente. “Eu não tenho esse dinheiro e não sei se conseguirei voltar a cultivar sem financiamento”, afirma.
O drama atinge toda a família. O irmão de Fabiano perdeu 10 cabeças de gado, que se afogaram durante a enchente. Os corpos dos animais foram levados pela correnteza e não puderam ser recuperados, aumentando o prejuízo e o impacto emocional da tragédia.
A nova cheia reforça o desafio de reconstrução em um estado que ainda contabiliza as perdas de 2024, quando dezenas de cidades ficaram submersas por semanas. Agricultores relatam que, além dos danos diretos, a instabilidade climática e a dificuldade de acesso a linhas de crédito ameaçam a continuidade da produção.
Especialistas alertam para a necessidade de planos preventivos e obras de contenção, já que eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes no Sul do país.
Enquanto isso, a Defesa Civil mantém o alerta para novas áreas de risco, especialmente nas regiões próximas a rios e barragens. Equipes continuam atuando no resgate de moradores isolados e na entrega de donativos, mas a previsão de mais chuvas nos próximos dias preocupa as autoridades e a população.