O líder do Hamas, Khalil Al-Hayya, anunciou nesta quinta-feira (9) o fim da guerra com Israel e afirmou ter recebido garantias de um cessar-fogo permanente de mediadores dos Estados Unidos e de países árabes.
A medida marca um dos momentos mais significativos desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023, quando o grupo lançou um ataque que matou mais de 1.200 pessoas em Israel, e sequestrou outras 251.
Al-Hayya, que atuou como negociador-chefe nas tratativas do plano de paz proposto por Washington, sobreviveu em setembro a um ataque israelense no Catar.
Acordo de paz e expectativas
O anúncio do acordo de paz foi feito na quarta-feira (8). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que Israel e o Hamas concordaram com a primeira fase do plano para encerrar a guerra.
Segundo autoridades israelenses, o cessar-fogo deve entrar em vigor em até 24 horas após a ratificação do tratado pelo governo de Benjamin Netanyahu, cujo gabinete se reuniu nesta quinta (9) para deliberar sobre o acordo.
Entre os pontos centrais, Israel exige que o Hamas abandone o controle da Faixa de Gaza e entregue suas armas — exigência que o grupo rejeita.
“Nenhum palestino aceita o desarmamento”, afirmou uma autoridade do Hamas.
Libertação de reféns e desafios
Um dos principais pontos do acordo prevê a libertação de todos os reféns vivos até segunda-feira (13). Trump declarou que “todos os reféns serão libertados provavelmente na segunda-feira”, destacando o avanço diplomático alcançado.
Além disso, o Hamas se comprometeu a devolver os corpos de reféns mortos em cativeiro, mas há dificuldades logísticas. De acordo com a imprensa norte-americana e israelense, o grupo não sabe a localização de alguns corpos.
Para resolver a questão, a Turquia anunciou a criação de uma força-tarefa internacional que auxiliará nas buscas, com a participação de Estados Unidos, Egito, Catar e Israel.
Até o momento, 28 dos 48 reféns ainda sob poder do Hamas estão mortos, e cerca de seis corpos permanecem desaparecidos, segundo veículos israelenses.

Pontos principais do plano de paz
O plano norte-americano, apresentado no fim de setembro, inclui 20 medidas voltadas à reconstrução e pacificação da Faixa de Gaza.
Entre os principais itens:
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Libertação de reféns e prisioneiros: o Hamas deverá libertar todos os reféns vivos e mortos em até 72 horas, enquanto Israel soltará quase 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.
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Recuo militar: as Forças de Defesa de Israel reduzirão sua presença na Faixa de Gaza, diminuindo a ocupação de 75% para 57% do território.
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Ajuda humanitária: o acordo prevê o envio de caminhões com alimentos, água e medicamentos à população palestina.
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Transição política: o território deve passar por uma fase de governo provisório formado por um comitê palestino tecnocrático e apolítico, até que o poder seja transferido à Autoridade Palestina.
Reações de Israel e do Hamas
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, celebrou o acordo.
“Um grande dia para Israel”, afirmou em publicação nas redes sociais. “Esse é um sucesso diplomático e uma vitória nacional e moral do Estado de Israel.”
Em nota oficial, o Hamas agradeceu aos mediadores do Catar, Egito e Turquia, e aos esforços de Trump.
“Reafirmamos que os sacrifícios do nosso povo não serão em vão, e que permaneceremos fiéis à nossa promessa, sem abrir mão dos direitos nacionais do nosso povo até alcançar liberdade, independência e autodeterminação.”
Confira a fala do líder do Hamas:
Negociador-chefe do Hamas, Khalil Al-Hayya, se pronuncia sobre fim da guerra e “cessar-fogo permanente” na Faixa de Gaza.
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— GloboNews (@GloboNews) October 9, 2025
O que ainda falta definir
Apesar do avanço, detalhes do tratado permanecem indefinidos. Ainda não se sabe se Israel e Hamas aceitaram integralmente o plano proposto pela Casa Branca ou se houve ajustes.
Também não está claro como ocorrerá a transição de governo em Gaza nem se o Hamas realmente se comprometeu a se desarmar.
Trump classificou a medida como a “primeira fase” e os “primeiros passos para a paz”, indicando que novas etapas ainda serão discutidas.
Veja abaixo imagens de Palestinos e Israelenses comemorando o cessar-fogo:
Israel e Gaza celebram após anúncio de cessar-fogo https://t.co/GWWQqDQ5A0 #g1 pic.twitter.com/trZM04Xd3e
— g1 (@g1) October 9, 2025