Gustavo Ostrowski, de 22 anos, natural de Santa Helena (PR), e Adriane Marschall Pereira, de 21, de Santa Tereza do Oeste (PR), tiveram um encontro inesperado em plena guerra da Ucrânia. O jovem se voluntariou em janeiro de 2024 e, após meses de contato pelas redes sociais, Adriane decidiu viajar até o país europeu.
A jovem também ingressou como voluntária, mesmo sem experiência militar.
“Decidi ir para lá conhecer ele, mesmo se não desse certo, pelo menos a gente iria aproveitar […] Eu sempre gostei desse meio militar, principalmente das armas”, contou Adriane em entrevista ao portal ‘G1’.
Participação feminina nas forças armadas
Segundo o pesquisador Anderson Prado, pós-doutor em História Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Lei n.º 2523-VIII, aprovada em setembro de 2018, garantiu às mulheres ucranianas a possibilidade de atuar em todas as funções de combate.
“A participação feminina nas Forças Armadas da Ucrânia tem crescido de maneira significativa, inclusive com a presença de brasileiras”, explicou.
Ele destacou que o Brasil, por meio do Itamaraty, não reconhece oficialmente a atuação de seus cidadãos brasileiros em exércitos estrangeiros.
O jovem paranaense Gustavo conta que, mesmo com a possibilidade de desempenhar funções menos arriscadas, Adriane optou por missões equivalentes às dos homens.
“As missões são todas iguais, mas por ser mulher ela tinha a opção de ficar mais recuada ou em tarefas menos pesadas. Mesmo assim, ela quis servir”, disse.
O Ministério das Relações Exteriores, em nota ao ‘G1’, alertou sobre os riscos enfrentados por brasileiros que se voluntariam em conflitos armados e reforçou que a assistência consular nesses casos é bastante limitada.

Descoberta da gravidez
Poucos meses após se alistar, Adriane descobriu a gestação.
“Faltando três dias para a minha missão em campo de batalha, descobri que estava grávida. Daí eu não podia mais ir”, relatou.
Mesmo após dois meses de treinamento, a jovem foi afastada das zonas de combate e passou a atuar como intérprete para famílias de soldados.
“Eu fiz dois testes e os dois deram positivo. Avisei a médica da base e ela fez direto um ultrassom. Depois disso minhas missões foram canceladas”, contou.
Retorno ao Brasil e nascimento do bebê
Com quatro meses de gravidez, o casal decidiu retornar ao Paraná em janeiro de 2025.
“Voltamos para o Brasil para que nosso filho nascesse aqui. A comida era muito diferente na Ucrânia e, com os enjoos da gravidez, estava difícil para ela se adaptar”, explicou Gustavo.
O bebê nasceu em Cascavel, cidade a 500km de Curitiba, e está com dois meses. Atualmente, a família vive em um sítio da família do jovem. “Agora estamos no sítio do meu pai, cuidando do nosso filho”, acrescentou.
Planos de voltar à Ucrânia
Mesmo após o nascimento do filho, o casal não descarta um retorno ao conflito.
“Sinto saudades da guerra, quero voltar para a Ucrânia, voltar para as missões. Mas ela não vai como voluntária, vai morar na cidade mais próxima do batalhão em que eu servir”, afirmou Gustavo.
Adriane concorda com a decisão e reforça o desejo de criar o filho em um local seguro.
“Eu achei lá parecido com o Brasil nessa questão de criação dos filhos, quero criar meu filho em alguma cidade tranquila enquanto o Gustavo participa das missões”, disse.
