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Brasileiro foge da guerra na Ucrânia ao ser enviado ao front de batalha

Lucas Felype Vieira, de 20 anos, foi para a Ucrânia como voluntário e deixou o país após três meses; "Não sabia se iria conseguir sair dessa"

O paranaense Lucas Felype Vieira Bueno, de 20 anos, natural de Francisco Beltrão, viveu momentos de tensão ao decidir fugir da guerra na Ucrânia. O jovem havia viajado ao país europeu com a promessa de trabalhar na operação de drones, mas acabou recebendo ordens para se deslocar ao front.

Em entrevista ao portal ‘G1’, Lucas relatou que tentou romper o contrato firmado com o governo ucraniano, mas o documento previa permanência mínima de seis meses. Diante da situação, ele resolveu escapar por conta própria.

“Quanto mais passavam os dias, mais eu estava perto do front, e chegou uma hora que eu estava no limite. Uma hora eu pensei, ou eu preciso agir, ou pode ser que para onde eu vá não tenha mais volta”, declarou.

Travessia arriscada de cinco dias

O jovem conta que saiu da base militar durante a madrugada do dia 12 de agosto e percorreu cerca de 20 quilômetros a pé até conseguir carona. Foram mais de mil quilômetros percorridos, passando por Kharkiv, Kiev e Lviv, até alcançar a fronteira.

“A maior parte da minha jornada foi a pé […] Foram cinco dias da viagem mais tensa da minha vida […] Cada barreira que eu passava era um frio na barriga. Todo esse trajeto que fiz foi um tiro no escuro, eu não sabia se realmente iria conseguir sair dessa”, relatou.

Apesar das dificuldades, Lucas conseguiu cruzar a fronteira após uma longa checagem documental. Ele recebeu um visto de turismo e, agora, avalia se retorna ao Brasil ou permanece na Europa.

“Meu futuro aqui é incerto, mas está melhor do que antes”, afirmou.

Confira a fala de Lucas sobre sua participação na Guerra da Ucrânia:

Risco de processo por deserção

De acordo com o especialista em Direito Internacional Pablo Sukiennik, a legislação ucraniana pode considerar o caso como deserção. “A depender do tratamento dado pela lei, poderá ocorrer um pedido de extradição”, explicou ele ao ‘G1’.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil confirmou que acompanha a situação por meio da Embaixada em Kiev, prestando assistência consular.

Volodymir Zelensky
Foto: Reprodução/Instagram

Pedido de ajuda antes da fuga

Antes de abandonar o país, Lucas havia publicado um vídeo nas redes sociais pedindo auxílio para retornar ao Brasil. Segundo ele, a proposta inicial era atuar como operador de drones, mas logo percebeu que estava sendo treinado para a infantaria.

O contrato assinado com o Ministério da Defesa da Ucrânia previa seis meses mínimos de permanência, além de cláusulas que impedem a quebra do acordo antes de três anos, salvo em situações específicas como emergência médica ou familiar.

O assunto gerou grande repercussão nas redes sociais, com internautas impressionados com a decisão de Lucas de se voluntariar na Guerra da Ucrânia, e ter se arrependido depois. “Coloca na justiça, desvio de função”, disse um internauta. “Todo dia acorda um malandro e um otário”, afirmou mais um.

“Sustenta! A guerra nem é sua, nem do seu país”, comentou um homem. “Objetivo desse mano era ganhar dinheiro, voltar pro Brasil contando vários histórias que era o brabão da guerra linha de frente, mas lá queria ficar escondido igual um medroso”, disse um internauta.

“Lembra aquelas vagas de emprego que anunciam ‘100 % home office’ e, quando você chega lá, é tudo presencial? Aqui o ‘trabalho remoto’ era pilotar drone, e o presencial virou linha de frente”, afirmou outro internauta ao assistir ao vídeo de Lucas.

Alerta do Itamaraty

O governo brasileiro já havia emitido comunicado em junho alertando para os riscos do alistamento voluntário em exércitos estrangeiros. Segundo o Itamaraty, há registros de brasileiros mortos em conflitos ou enfrentando dificuldades para deixar as forças militares.

A recomendação oficial é que brasileiros recusem propostas de trabalho militar no exterior, já que a assistência consular pode ser severamente limitada pelos contratos assinados.

Contexto da guerra na Ucrânia

O conflito entre Rússia e Ucrânia começou em fevereiro de 2022 e segue sem perspectiva de fim. A invasão russa já deixou milhares de mortos, milhões de refugiados e intensos combates, sobretudo no leste e sul do país.

A Ucrânia recebe apoio militar e humanitário de países ocidentais, enquanto a Rússia enfrenta sanções econômicas internacionais.

Maysa Vilela

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