Na segunda-feira, 28 de julho de 2025, durante a 2ª United Nations Food Systems Summit na Etiópia, a FAO (ONU) oficializou o desligamento do Brasil do Mapa da Fome, indicador que considera país subalimentado quando mais de 2,5 % da população enfrenta desnutrição.— esse é o critério mínimo para exclusão do indicador.
The SOFI 2025 report confirma que a média móvel entre 2022 e 2024 caiu para 2,4 %, permitindo ao Brasil sair novamente do mapa após regressão anterior no período 2019‑2021. É a segunda vez que o país alcança essa meta: a primeira foi em 2014.
Como o país conseguiu essa reversão em tão pouco tempo
O relatório atribui o êxito a políticas públicas articuladas desde 2023, como o programa “Brasil Sem Fome” que inclui ações como:
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distribuição de alimentos nas escolas com base produtiva local e agroecológica;
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apoio a pequenos agricultores, indígenas e produtores familiares;
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expansão do Bolsa Família, hoje alinhado ao acompanhamento nutricional;
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oferta de bancos alimentares, hortas comunitárias e crédito rural para segurança alimentar.
Especialistas como Elisabetta Recine, do IPES‑Food, afirmam que a coordenação eficaz entre governo e sociedade foi decisiva, centrando as ações nos mais vulneráveis e revertendo um quadro grave em apenas dois anos.
Números que traduzem vidas salvas
Entre 2022 e 2024, cerca de 24,4 milhões de brasileiros deixaram a condição de insegurança alimentar grave — dos quais mais de 14 milhões viveram essa transformação diretamente no período 2022‑2023.
A proporção de pessoas com desnutrição severa caiu de 4,1 % para 1,2 % da população — quase 85% de redução em apenas um ano — colocando o Brasil em patamar comparável ao de países desenvolvidos.
Lula celebra e aponta caminho futuro
O presidente Lula, ao saber da confirmação da FAO, declarou-se “o homem mais feliz do mundo” e reafirmou sua missão de vida: combater a fome no país. Em conversa com o diretor-geral da FAO, Qu Dongyu, afirmou que este resultado é fruto de liderança política e participação social — e que o próximo passo é assegurar orçamento público permanente para garantir que ninguém volte a passar fome.
Que ressaltou que o Brasil se tornou exemplo global — e que em 2026 a FAO estudará o modelo brasileiro durante o Fórum CELAC como referência replicável para outros países.
Contexto internacional e importância simbólica
A saída do Mapa da Fome ocorre em momento crítico — globalmente, 673 milhões de pessoas ainda passam fome, segundo o relatório SOFI, e muitos países retrocedem em segurança alimentar.
O Brasil agora se insere num grupo reduzido de nações que conseguiram sair do mapa duas vezes, demonstrando que erradicar a fome é possível com prioridade política e coordenação entre poder público e sociedade civil.
Desafios que permanecem e a necessidade de continuidade
Especialistas alertam que a conquista é frágil: inflação dos alimentos, crises climáticas e cortes de verba podem reverter os ganhos. É fundamental manter os programas com fiscalização, continuidade orçamentária e inclusão social efetiva.
A desigualdade regional ainda persiste, especialmente no Norte e Nordeste, onde a fome tem historicamente maior incidência. Portanto, o compromisso deve seguir firme, especialmente no apoio às comunidades tradicionais e na agricultura familiar popular.
Por que isso importa para você
Se você comprou algo produzido por agricultores familiares, ajudou alguém com alimento escolar, ou depende do Programa Bolsa Família, saiba que esse progresso tem nome e estratégia. Cada refeição garantida na mesa de uma criança, cada bolsa de alimentos distribuída e cada oportunidade de trabalho vindoura fortalecem a cidadania e reduzem desigualdades nos bairros, nas cidades e no Brasil.
Essa conquista mostra que, com programas bem aplicados, o impacto social real pode ser resultado da vontade política — e da escolha de priorizar a dignidade humana acima de retórica momentânea.
Além de números, símbolos — além de políticas, compromisso
A saída do Brasil do Mapa da Fome da ONU representa mais do que uma estatística global. Marca uma virada civilizatória e política. É a demonstração de que países ricos em desigualdades podem escolher, em poucos anos, que ninguém durma sem alimentar digna.
O desafio agora não é provar que a fome pode acabar — é mostrar que a transformação social exige vigilância, respeito aos resultados e integração entre Estado e sociedade. E que, acima de tudo, o compromisso com as pessoas permanece o maior legado de uma política pública bem-sucedida.