A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira (23), em Nova York, nos EUA, reunindo líderes de 193 países para tratar de alguns dos temas mais sensíveis da atualidade. Entre eles estão o reconhecimento do Estado Palestino, o pedido por um cessar-fogo em Gaza e os esforços para encerrar a guerra na Ucrânia.
O encontro ocorre em meio a um cenário internacional marcado por tensões diplomáticas e pela crise do multilateralismo, com os Estados Unidos, sob o segundo mandato de Donald Trump, demonstrando oposição à cooperação global em organismos multilaterais.
Tema oficial da Assembleia Geral da ONU em 2025
A sessão terá como lema ‘Melhores juntos: 80 anos e mais pela paz, desenvolvimento e direitos humanos’. Apesar do tema central, cada líder pode utilizá-lo como introdução antes de apresentar seus pontos de maior interesse.
Tradicionalmente, o Brasil abre os discursos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falará às 10h (horário local), seguido pelo presidente americano, Donald Trump.
Como funciona o Debate Geral
O chamado ‘Debate Geral’ marca a abertura da Assembleia. Apesar do nome, não há interação direta entre os países: cada nação apresenta seu discurso individualmente.
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Ordem das falas: Brasil sempre é o primeiro, seguido pelos Estados Unidos, anfitriões da ONU. Depois, a ordem é definida por hierarquia e chegada.
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Tempo de fala: os líderes são convidados a manter seus discursos em até 15 minutos.
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Direito de resposta: caso um país seja criticado, pode solicitar formalmente o direito de resposta, com até duas manifestações no mesmo dia.
O que Lula vai destacar em Nova York
O presidente Lula deve abordar:
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Defesa da democracia e soberania nacional, especialmente contra as tarifas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros.
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Questões ambientais, cobrando financiamento internacional para a proteção da Amazônia e reforçando a soberania dos países amazônicos.
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Reforma de organismos internacionais, como a própria ONU.
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Conflitos globais, incluindo críticas à ofensiva de Israel em Gaza e defesa da criação de um Estado Palestino, além de uma solução negociada para a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Principais temas no centro do debate
Conflito em Gaza e reconhecimento da Palestina
O conflito entre Israel e Hamas se aproxima do segundo ano, com agravamento da crise humanitária. Países como Austrália, Reino Unido, Canadá e Portugal anunciaram recentemente o reconhecimento do Estado Palestino, somando-se a mais de 140 nações — entre elas o Brasil.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deverá discursar na sexta-feira da próxima semana. Já o presidente palestino, Mahmoud Abbas, participará por vídeo, após os EUA recusarem a emissão de visto.
Guerra da Ucrânia
O presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, discursará na quarta-feira (24) em busca de apoio internacional. No sábado (27), será a vez do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
O Conselho de Segurança da ONU também realizará uma reunião especial sobre a Ucrânia, em meio às tentativas de Donald Trump de mediar o conflito.
Tensões no Caribe
As relações entre Estados Unidos e Venezuela também estarão em pauta. Aumentos da presença militar norte-americana no Caribe geraram protestos do governo de Nicolás Maduro, que acusa Washington de tentar derrubá-lo. O chanceler venezuelano, Yvan Gil, deve se pronunciar no sábado.
O papel da ONU aos 80 anos
Criada em 1945 com 51 países, a ONU hoje reúne 193 Estados-membros, além de observadores como a Santa Sé, o Estado da Palestina e a União Europeia.
A Assembleia Geral, que completa 80 anos em 2025, acontece em um momento de grandes desafios para a diplomacia internacional.
Os discursos desta semana prometem mostrar como as lideranças mundiais pretendem lidar com as crises mais urgentes e com o futuro do multilateralismo, modelo de cooperação internacional em que três ou mais países trabalham juntos para resolver problemas comuns ou tomar decisões coletivas.