O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, reforçaram nesta quinta-feira (7) o compromisso de estreitar as relações econômicas entre os dois países. Em ligação de cerca de uma hora, Lula e Modi trataram do cenário econômico global, das tarifas unilaterais impostas recentemente por Donald Trump e de medidas para ampliar a cooperação bilateral.
Tarifas e comércio: foco na ampliação do acordo com o Mercosul
Durante a conversa, Lula destacou que “recordamos, ainda, a meta de aumentar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. Para isso, concordamos em ampliar a cobertura do acordo entre Mercosul e Índia”.
Atualmente, apenas 14% das exportações brasileiras para a Índia estão contempladas no acordo de comércio preferencial, que cobre 450 categorias de produtos – menos de 5% do total de itens comercializados. Grande parte do agronegócio brasileiro permanece de fora, com tarifas indianas elevadas para itens como carne de aves, pescado, frutas e café.
A sinalização de Modi para ampliar o alcance do tratado foi vista como um avanço concreto por negociadores brasileiros, especialmente após o recente aumento de tarifas por parte dos Estados Unidos, que atingiu Brasil e Índia com sobretaxas, que somadas, chegam a 100% sobre produtos dos dois países.
Visitas oficiais e novas frentes de cooperação
Como parte da aproximação, ficou confirmada a visita de Estado de Lula à Índia no início de 2026. Antes disso, o vice-presidente Geraldo Alckmin viajará a Nova Délhi em outubro, acompanhado de ministros e empresários, para participar da reunião do Mecanismo de Monitoramento de Comércio.
Na pauta, estarão acordos e parcerias nas áreas de defesa, energia, minerais críticos, saúde, inclusão digital e comércio. Os líderes também trocaram informações sobre plataformas de pagamento digital, como o PIX brasileiro e o UPI indiano.

Potencial inexplorado nas exportações brasileiras
A Índia, hoje o país mais populoso do mundo, vem passando por acelerado processo de industrialização e é vista pelo governo brasileiro como um mercado estratégico para diversificar destinos de exportação.
Atualmente, três produtos – óleos vegetais, açúcares e petróleo bruto – representam mais de 60% do que o Brasil vende para o país asiático. A expectativa é ampliar as vendas de algodão, feijões e pulses, etanol, genética bovina e frutas, entre outros.
BRICS e cooperação internacional
Lula e Modi também discutiram a atuação conjunta no BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e o processo de transição da presidência do bloco, que será assumida pela Índia.