Dois adolescentes de 17 anos, estudantes do 2º ano do ensino médio, foram descobertos pela coordenação de uma escola pública do Distrito Federal enquanto planejavam um massacre contra colegas. A ação foi interrompida após a instituição acionar a Polícia Civil do DF, que já conduz as investigações.
De acordo com as apurações, os jovens gravaram cerca de dez vídeos entre o fim de 2024 e junho de 2025, nos quais detalhavam os preparativos para o ataque, marcado para 20 de setembro, data que chamavam de “dia zero”.
Nas imagens, a dupla aparece manuseando armas caseiras e até detonando explosivos artesanais em terrenos baldios. Um dos adolescentes chega a sugerir:
“Que tal fazermos no seu aniversário? O seu presente vai ser atirar em preto e matar gente”.
Outro trecho revela planos de adquirir armamento ilegal: “A gente quer comprar armas no mercado negro, mas não sabemos ainda como entrar nesse meio”.
Propaganda de ódio e apologia ao nazismo
Além da fabricação de armas, os adolescentes mantinham um site próprio para divulgar ideias extremistas e discursos de ódio contra mulheres, negros e a comunidade LGBTQIAPN+. Também publicavam conteúdos no ‘TikTok’ para impulsionar os acessos, mas algumas contas foram derrubadas pela plataforma por violar regras de segurança.
Em diversos vídeos, a dupla fazia menções a símbolos nazistas, desenhava suásticas e proferia frases como “Heil, Hitler! Morte aos judeus”. Em outro registro, queimaram uma bolsa com as cores da bandeira LGBTQIAPN+ utilizando um artefato improvisado. “Tá vendo? Isso aí é o que vamos fazer com vocês”, disseram.
Alerta internacional e provas preservadas
Uma adolescente argentina, que conheceu os jovens em uma comunidade online sobre crimes reais, foi responsável por ajudar a denunciar o caso. Inicialmente, ela não compreendia as falas em português, mas, após aprender o idioma, percebeu a gravidade dos conteúdos.
Antes que os autores apagassem os vídeos e documentos, a jovem conseguiu salvar os materiais e encaminhou-os a pessoas próximas à dupla.
Ameaças e histórico de agressões
Além do planejamento do ataque, os adolescentes já haviam se envolvido em episódios de violência. Em conversas obtidas pela investigação, um deles relata ter ameaçado colegas com uma tesoura, além de carregar munição de arma na mochila de outro estudante. Em outro episódio, afirmou ter atirado uma pedra contra a casa de uma ex-namorada.
O material também mostra agressões verbais contra mulheres e comentários transfóbicos. Em um dos registros, um dos jovens ameaça:
“Se eu te ver na rua, eu te espanco todo e piso no seu crânio com meu coturno e cuspo no seu crânio, seu traveco de merda”.
Investigação e medidas adotadas
Em nota, a Secretaria de Educação do DF (SEEDF) informou que a escola adotou todas as medidas cabíveis e acionou a PCDF assim que foi notificada.
“A CRE continua acompanhando o caso de perto e acionou a Diretoria de Apoio à Saúde dos Estudantes (Diase), que prestará assistência aos estudantes envolvidos e oferecerá suporte às escolas afetadas. A pasta reafirma seu compromisso com a segurança, o bem-estar e o acompanhamento integral de todos os estudantes”, destacou a secretaria.
Caso semelhante em maio
Este não é o primeiro episódio do tipo no DF em 2025. Em maio, um adolescente de 16 anos foi apreendido pela polícia por planejar um ataque contra colegas.
Na ocasião, ele chegou a escrever uma carta detalhando o desejo de “matar um número indeterminado de pessoas” na escola em que estudava.
Confira no vídeo abaixo:
