Na noite de 27 de junho de 2025, a cultura pop brasileira perdeu um de seus maiores símbolos sonoros. Morreu, aos 59 anos, o músico, dublador e compositor Anísio Mello Júnior, eternizado como a voz brasileira das aberturas de Dragon Ball e Dragon Ball Z. A notícia da morte foi confirmada por seu amigo e parceiro artístico Diogo Miyahara, que compartilhou nas redes sociais a despedida a quem, por décadas, deu som a emoções, aventuras e lembranças de uma geração inteira.
Anísio passou mal durante um show recente em Jundiaí (SP). Foi atendido no local e liberado, mas seguia com sintomas leves enquanto se preparava para outra apresentação, no festival Anifest, em Registro, onde dividiria o palco com Miyahara. O mal súbito, infelizmente, se agravou e não deu tempo para despedidas. Sua partida foi sentida como um golpe no coração dos fãs de anime no Brasil.
Mais do que um cantor de abertura: um artista completo
Para o público em geral, ele será sempre lembrado pelas marcantes versões brasileiras de músicas como Temos a Força (abertura de Dragon Ball) e Garra no Coração (de Dragon Ball Z). Mas Anísio era muito mais que um intérprete de anime.
Nascido em 2 de setembro de 1965, Anísio teve uma carreira musical diversa: atuou como baixista, compositor, diretor musical e produtor. Trabalhou por anos em estúdios renomados como Álamo e Parisi Vídeo, criando trilhas, dirigindo dublagens e escrevendo letras que se tornaram trilha sonora para milhares de brasileiros.
Foi ele quem adaptou para o português canções como Makafushigi Adventure! e Romantic Ageru Yo, abrindo portas para uma geração de crianças entenderem que coragem, amizade e superação podiam ser cantadas com voz brasileira — sem perder a emoção do original.
Uma conexão afetiva construída com cada nota
As aberturas cantadas por Anísio não eram apenas músicas. Eram portais para o imaginário. Quando sua voz ecoava nos televisores no fim da tarde, significava que era hora de reencontrar Goku, Vegeta, Kuririn, Bulma — e embarcar em mais uma jornada.
Essas canções se tornaram marcos geracionais, repetidas até hoje por adultos em karaokês, eventos geeks, festivais de anime e redes sociais. Mais do que nostalgia, elas são um elo emocional com o passado, e esse elo se deve, em grande parte, ao carisma e à entrega vocal de Anísio.
Em paralelo à carreira de dublagem, o artista também compôs álbuns autorais como Outras Histórias Vol. II e lançou músicas como Nosso Salvador, além de participar de eventos como Cubo de Ouro e projetos especiais ligados à cultura pop.
O último show e a despedida inesperada
Dias antes de falecer, Anísio apresentou-se em Jundiaí, no interior de São Paulo. Já se queixava de mal-estar, mas manteve o compromisso com o público. Após atendimento médico, retornou para casa com orientações de repouso. Ainda assim, mantinha em vista sua participação no Anifest, onde dividiria o palco com Diogo Miyahara — com quem vinha realizando uma turnê nostálgica e emocionante.
No entanto, a piora em seu quadro foi repentina. A causa oficial da morte não foi divulgada até o momento, mas amigos próximos afirmam que problemas cardíacos estavam sendo monitorados.
A notícia de seu falecimento pegou fãs e colegas de surpresa. Miyahara, em publicação nas redes, escreveu: “Você eternizou a infância de uma geração. E hoje nos deixa com a certeza de que sua voz viverá para sempre.”
Homenagens e comoção da comunidade geek
A morte de Anísio Mello Júnior gerou comoção imediata. Nomes como Tânia Gaidarji (voz da Bulma), Raphael Rossatto, Ayu Brazil, produtores de eventos e inúmeros fãs prestaram tributos. Hashtags com seu nome ocuparam o topo das redes, enquanto vídeos com suas performances e entrevistas foram resgatados com carinho por admiradores de todo o país.
Para muitos, ele não era apenas um cantor de aberturas. Era um herói sonoro que ajudava a contar histórias, emocionar plateias e inspirar corações. Sua ausência física agora deixa um eco, mas também um convite: cantar mais alto suas canções, manter viva sua arte.
Uma despedida que também é gratidão
O legado de Anísio Mello Júnior permanece. Ele não será lembrado apenas pelas notas que alcançava, mas pela maneira como sua música fez parte da construção emocional de milhões de brasileiros. A infância de uma geração foi embalada por sua voz, e seu trabalho continua vibrando em eventos, playlists, memórias e corações.
Sua morte é sentida, mas sua presença será sempre lembrada. Porque enquanto houver alguém cantando Temos a Força, haverá um pedacinho de Anísio resistindo ao tempo. Ele foi, é e será parte da trilha sonora das nossas vidas.