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China para de comprar soja dos EUA e Brasil assume exportações

Tensões comerciais entre Washington e Pequim impulsionam produtores brasileiros e reduzem exportações norte-americanas em até 78%

A China interrompeu as compras de soja dos Estados Unidos, abrindo espaço para o Brasil consolidar-se como principal fornecedor do grão ao maior importador mundial. O alerta vem da American Farm Bureau Federation (AFBF), entidade agrícola que representa cerca de 6 milhões de produtores norte-americanos.

Redução drástica nas exportações dos EUA

Segundo relatório da instituição, o volume de soja exportado dos EUA para a China caiu quase 78% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2024. O declínio ocorre em meio à escalada da guerra tarifária entre as duas maiores economias do planeta.

Após sucessivas rodadas de negociações, Pequim impôs tarifas de aproximadamente 20% sobre o produto norte-americano. O documento, assinado pela economista Faith Parum, destaca:

“Durante junho, julho e agosto, os EUA praticamente não enviaram soja para a China e a China não comprou nenhuma soja da nova safra para o próximo ano comercial.”

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Foto: Daniela Paola Alchapar/Unsplash

Brasil ganha destaque no mercado global

Apesar da queda nas compras da soja dos EUA, o consumo chinês não diminuiu. O relatório ressalta que a China substituiu os grãos norte-americanos pelos de outros países, com o Brasil desempenhando papel central nessa reconfiguração.

“Mesmo quando os agricultores americanos produzem safras com preços competitivos, a China tem reduzido constantemente sua dependência dos Estados Unidos, voltando-se para o Brasil, a Argentina e outros fornecedores”, aponta o texto.

Ainda segundo a AFBF, as importações chinesas de soja atingiram níveis recordes, mas a maior parte da demanda está sendo suprida por concorrentes sul-americanos.

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Foto: Lucas Sallum/Unsplash

Impacto econômico nos produtores norte-americanos

A soja é apenas um exemplo do impacto das tensões comerciais entre os dois países. A AFBF estima que as exportações agrícolas dos EUA para a China somarão US$ 17 bilhões em 2025, uma queda de 30% em relação a 2024 e mais de 50% comparado a 2022.

A projeção para 2026 é ainda mais pessimista, com expectativa de apenas US$ 9 bilhões, o menor nível desde 2018.

O relatório acrescenta:

“Os efeitos em cascata das tensões comerciais estão se refletindo nos mercados agrícolas. A ampla oferta global e a demanda de exportação mais fraca estão pesando fortemente sobre os preços do milho, da soja e do trigo dos EUA, reduzindo as receitas agrícolas, apesar das fortes colheitas.”

Governo dos EUA prepara pacote bilionário

Diante do cenário adverso, o governo norte-americano prepara um pacote de ajuda de até US$ 15 bilhões para o setor agrícola, segundo fontes citadas pela ‘CNN’.

As falências de fazendas atingiram o nível mais alto desde 2021, acendendo o alerta em Washington.

A Casa Branca reconhece a gravidade da situação e, de acordo com autoridades ouvidas pela emissora, Donald Trump determinou a criação urgente de medidas de apoio aos produtores.

Nos últimos meses, foram realizadas reuniões interagências com os Departamentos de Agricultura e Tesouro para definir a melhor estratégia de recuperação.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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