O Ministério da Saúde anunciou a chegada ao Brasil do primeiro lote do Trastuzumabe Entansina, medicamento de última geração indicado para o tratamento do câncer de mama HER2-positivo, uma das formas mais agressivas da doença.
O remédio será oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deve beneficiar mais de 1.100 pacientes já em 2025.
A primeira remessa, com 11.978 unidades, desembarcou no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) nesta segunda-feira (13), durante o Outubro Rosa, campanha que reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce.
Distribuição e cronograma
De acordo com o Ministério da Saúde, o medicamento será encaminhado às secretarias estaduais de saúde, responsáveis pela aplicação conforme os protocolos clínicos vigentes.
O cronograma prevê mais três entregas até junho de 2026 — em dezembro de 2025, março e junho de 2026 —, com o objetivo de atender 100% da demanda nacional.
Terapia direcionada e resultados promissores
O Trastuzumabe Entansina é indicado para pacientes que ainda apresentam sinais da doença após a quimioterapia inicial, geralmente em estágios avançados (III) do câncer HER2-positivo.
A terapia atua de forma direcionada, atacando apenas as células tumorais com expressão da proteína HER2, o que aumenta a eficácia e reduz os efeitos colaterais sobre as células saudáveis.
Autoridades destacam impacto histórico
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comemorou a incorporação do medicamento em publicação no ‘X’ (antigo ‘Twitter’):
“HISTÓRICO: Medicamento ultra-moderno contra o câncer de mama chega ao Brasil para ser distribuído no SUS!
O Trastuzumabe Entansina, que custa mais de R$ 11 mil por frasco na rede privada, agora será ofertado gratuitamente.
Ele é indicado para pacientes que ainda têm sinais da doença após o início da quimioterapia.”
Já o diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde, José Barreto, ressaltou o avanço:
“É um avanço gigantesco para a oncologia nacional, com o primeiro protocolo clínico voltado a esse tratamento. (…) Poderá reduzir em até 50% a mortalidade das pacientes com câncer de mama do tipo HER2 positivo.”

Economia e investimento público
A compra do medicamento representou um investimento de R$ 159,3 milhões, com aquisição de 34,4 mil frascos-ampola.
Segundo o ministério, houve redução de cerca de 50% no preço de mercado, gerando economia de R$ 165,8 milhões aos cofres públicos.
Os valores negociados caíram de R$ 7,2 mil para R$ 3,5 mil (frasco de 100 mg) e de R$ 11,6 mil para R$ 5,6 mil (frasco de 160 mg).
Outros avanços no tratamento do câncer de mama
Além do novo medicamento, o governo federal anunciou a ampliação do acesso a inibidores de ciclinas, como abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe, para pacientes com câncer metastático com receptor hormonal positivo e HER2-negativo.
A compra será descentralizada, permitindo que estados e municípios adquiram os remédios com financiamento federal.
Outra medida importante é a ampliação da faixa etária para realização de mamografia pelo SUS, agora disponível a partir dos 40 anos, mesmo para mulheres sem sintomas ou histórico familiar.
Somente em 2024, mais de 1 milhão de exames foram realizados em mulheres com menos de 50 anos, o que representa 30% do total.