O que se sabe sobre o atentado que deixou ao menos 16 mortos em praia da Austrália?

Polícia trata o caso como terrorismo com alvo na comunidade judaica; 40 pessoas seguem hospitalizadas e investigação apura possível terceiro envolvido

O número de mortos após um ataque terrorista na Austrália subiu para 16, conforme confirmou neste domingo (14) a polícia do estado de Nova Gales do Sul.

Entre as vítimas está um dos suspeitos, que morreu no local. Outras 40 pessoas permanecem hospitalizadas, algumas em estado grave.

O atentado ocorreu na praia de Bondi, em Sydney, neste domingo, durante uma celebração de Hanukkah que reunia mais de mil pessoas, segundo as autoridades.

O episódio é tratado oficialmente como terrorismo e teve como alvo a comunidade judaica australiana.

Duas bandeiras do Estado Islâmico foram encontradas no carro dos dois suspeitos.

O que é a celebração de Hanukkah?

Hanukkah, também chamada de Chanucá, é conhecida como a Festa das Luzes no judaísmo.

A celebração dura oito dias e relembra a vitória dos Macabeus contra seus opressores no século II a.C., além do episódio considerado milagroso em que o Templo de Jerusalém permaneceu iluminado por oito dias com uma quantidade de azeite suficiente para apenas um.

O significado central da data está ligado à superação da escuridão, à esperança e à liberdade de crença.

Entre as tradições estão o acendimento diário da menorá, o consumo de alimentos fritos em óleo e a recitação de orações especiais.

Suspeitos e investigação em andamento

A polícia informou que dois suspeitos foram identificados até o momento. Um deles foi morto a tiros no local, enquanto o outro permanece sob custódia em estado crítico no hospital.

O comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, afirmou que os investigadores apuram a possível participação de um terceiro autor no ataque. Segundo ele, um dispositivo explosivo improvisado foi encontrado em um carro em Bondi, ligado ao suspeito que morreu durante a ação.

Uma equipe especializada em resgate e desativação de bombas foi acionada para atuar na área. Lanyon pediu “calma” à população e destacou que haverá uma investigação “significativa” sobre o caso.

Autoridades classificam ataque como terrorismo

Em coletiva de imprensa, o primeiro-ministro de Nova Gales do Sul, Chris Minns, confirmou o número de vítimas fatais e reforçou que o ataque teve motivação terrorista.

O que deveria ter sido uma “noite de paz e alegria” foi “destruída por este ataque horrível e maligno”, disse Minns.

“Nossos corações sangram pela comunidade judaica da Austrália esta noite”, acrescentou.

O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, também se manifestou, afirmando:

“Seus compatriotas australianos estão com vocês esta noite para condenar este ato de terror”. Segundo ele, o país jamais se submeterá à “divisão, violência ou ódio”.

Um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais mostra os atiradores abrindo fogo contra as pessoas na praia. AS IMAGENS SÃO FORTES:

Reações internacionais e da comunidade judaica

Autoridades israelenses reagiram com indignação ao ataque, com críticas direcionadas ao governo australiano diante do que classificam como aumento do antissemitismo.

O Conselho Judaico da Austrália descreveu o episódio como um “ato horrível de violência antissemita durante o festival judaico da luz e da esperança”.

Em nota, a entidade afirmou que “muitos membros de nossa comunidade acabaram de receber a pior notícia de suas vidas”, acrescentando:

“Em momentos como este, nos apoiamos mutuamente”.

Confira relato de um brasileiro que estava na praia e presenciou o ataque terrorista:

Muçulmano e vendedor de frutas desarma atirador e é reconhecido após ataque

Durante o ataque, um civil foi destacado por autoridades e pela imprensa internacional por sua atuação. Ahmed al Ahmed, descrito como muçulmano, dono de uma frutaria e pai de dois filhos, desarmou um dos suspeitos durante o tiroteio na praia de Bondi.

Segundo informações da família, Ahmed, de 43 anos, comerciante de frutas da região de Sutherland Shire, sofreu dois ferimentos à bala, um no braço e outro na mão, e está internado em estado estável.

Imagens divulgadas mostram o momento em que o comerciante se aproxima do atirador e consegue desarmá-lo após o ataque à multidão.

Confira o momento em que o atirador foi desarmado:

Doações e reconhecimento internacional

Após o episódio, uma vaquinha online foi criada para Ahmed al Ahmed e arrecadou mais de US$ 130 mil (R$ 700 mil). A maior doação, cerca de US$ 66 mil (R$ 357 mil), foi feita pelo bilionário Bill Ackman.

O então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também comentou o caso e descreveu Ahmed como “uma pessoa muito, muito corajosa”, afirmando que ele salvou muitas vidas.

O governador de Nova Gales do Sul, Chris Minns, classificou o comerciante como “um herói genuíno”.

“É a cena mais inacreditável que já vi: um homem se aproximando de um atirador que havia disparado contra a comunidade e, sozinho, o desarmando, colocando sua própria vida em risco para salvar a vida de inúmeras outras pessoas”, disse Minns ao conversar com jornalistas.

Estado de saúde e reação da família

Um familiar de Ahmed, entrevistado do lado de fora do hospital para onde as vítimas foram levadas, afirmou que a família espera visitá-lo em breve.

“Esperamos que ele fique bem, ele é um herói, com certeza, um herói”, disse.

As informações sobre o caso foram divulgadas, entre outros veículos, pelo canal australiano Seven News.

Veja imagens de Ahmed al Ahmed e o momento em que ele desarma um dos atiradores:

Ahmed desarma atirador - Austrália
Fotos: Reprodução

Maysa Vilela

Jornalista, curiosa por natureza e movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo para escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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