O ex-presidente Jair Bolsonaro foi internado nesta terça-feira (16) no Hospital DF Star, em Brasília, após sofrer uma crise de pressão baixa acompanhada de vômitos e mal-estar. Segundo sua defesa, informada ao Supremo Tribunal Federal (STF), ele também apresentou um episódio de pré-síncope, condição caracterizada pela sensação iminente de desmaio.
O médico Claudio Birolini, responsável pelo acompanhamento clínico, afirmou que a internação foi necessária devido ao quadro de instabilidade. Bolsonaro permaneceu no hospital durante a noite.
No último dia 11 de setembro, Jair Bolsonaro, de 70 anos, foi condenado a 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de Patrimônio.
O que é pré-síncope e como se diferencia da síncope
A pré-síncope ocorre quando há tontura, escurecimento da visão e fraqueza, mas sem perda total da consciência.
“Na pré-síncope, o paciente sente tontura, escurecimento da visão e fraqueza, mas não chega a perder totalmente a consciência. Já na síncope, há desmaio de fato, quando o fluxo de sangue para o cérebro cai a ponto de provocar a perda da consciência”, explica o cardiologista Pedro Xavier Fontes, da Unesp, em entrevista ao ‘G1’.
O cirurgião cardíaco Ricardo Kazunori Katayose reforça que esses episódios são precedidos por pródromos, sinais de alerta que indicam risco de evolução para síncope:
“Náusea, vertigem, turvação visual, sudorese e palpitação são indícios de que o quadro pode evoluir para síncope”, afirma.
Sintomas mais comuns
Segundo especialistas, os principais sinais de queda brusca da pressão arterial ou alterações na frequência cardíaca incluem:
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Náusea e vômito
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Mal-estar e tontura
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Escurecimento visual
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Palidez e fraqueza
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Sudorese fria
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Palpitações
O cardiologista Marcelo Franken, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta que condições como anemia e desidratação — presentes em exames recentes de Bolsonaro — podem ter contribuído para o episódio.

Por que a pressão pode cair
De acordo com Fontes, entre os fatores mais comuns estão: desidratação, uso de medicamentos, sangramentos, infecções graves, arritmias e insuficiência cardíaca.
Katayose acrescenta que hipoglicemia, hemorragias, doenças que obstruem o fluxo sanguíneo e até respostas emocionais intensas também podem provocar queda de pressão.
Quando é sinal de alerta
Na maioria dos casos, a pressão baixa é passageira e melhora com repouso e hidratação. Porém, situações que envolvem desmaios recorrentes, sangramentos ou histórico de doenças cardíacas exigem avaliação médica imediata.
“O que define a gravidade são os sinais, como desmaios, sensação de frio e confusão mental”, alerta Katayose, em entrevista ao ‘G1’.
Exames e prevenção
Quando os sintomas se repetem, exames ajudam no diagnóstico:
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Holter: identifica arritmias
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Ecocardiograma: avalia funcionamento do coração
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MAPA: monitora pressão por 24 horas
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Tilt test: investiga respostas vasovagais ou ortostáticas
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Exames laboratoriais: detectam anemia ou alterações metabólicas
Entre os cuidados imediatos, recomenda-se deitar o paciente e elevar as pernas, o que melhora o retorno do sangue ao cérebro.
Histórico médico recente
No último domingo (14), Bolsonaro já havia passado por uma cirurgia para retirada de oito lesões na pele.
Os exames também apontaram anemia e uma tomografia revelou resquícios de pneumonia por broncoaspiração. Ele recebeu reposição de ferro por via endovenosa e deve continuar em avaliação médica.