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Uma nova pesquisa apresentada na Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD) revelou um efeito colateral inusitado dos medicamentos Ozempic, Wegovy e Mounjaro. Além de contribuir para a perda de peso, os fármacos podem alterar a forma como os pacientes percebem o sabor dos alimentos.

Segundo o levantamento, cerca de 20% dos usuários relataram que determinados alimentos passaram a parecer mais doces ou mais salgados do que antes do início do tratamento.

Alterações no paladar e apetite

O estudo entrevistou 411 pessoas — a maioria mulheres (69,6%) — em tratamento com os medicamentos. Do total, 148 tomavam Ozempic, 217 usavam Wegovy e 46 estavam em terapia com Mounjaro.

Um dos destaques foi que 21,3% dos participantes notaram aumento na doçura dos alimentos, enquanto 22,6% perceberam sabores mais salgados.

As mudanças de paladar também se mostraram relacionadas ao apetite. Mais da metade dos pacientes (58,4%) relatou estar com menos fome, e quase dois terços (63,5%) afirmaram sentir-se saciados mais rapidamente.

De acordo com o líder da pesquisa, Othmar Moser, da Universidade de Bayreuth, na Alemanha, “o efeito [dos medicamentos] na percepção do paladar não está claro”. Ele complementa:

“Se as mudanças no paladar estiverem relacionadas a um maior controle do apetite e à perda de peso, isso poderá ajudar os médicos a selecionar melhor as terapias, fornecer aconselhamento dietético mais personalizado e melhorar os resultados do tratamento a longo prazo para os pacientes”.

Diferenças entre os medicamentos

Os resultados variaram de acordo com o fármaco utilizado:

  • Wegovy: 26,7% disseram que a comida estava mais salgada.

  • Ozempic: 16,2% relataram aumento da salinidade.

  • Mounjaro: 15,2% perceberam a mesma alteração.

Já em relação à doçura, os números se mantiveram próximos entre os grupos: Wegovy (19,4%), Ozempic (21,6%) e Mounjaro (21,7%).

Os participantes que perceberam os alimentos mais doces tiveram o dobro da probabilidade de se sentir mais saciados, enquanto aqueles que identificaram aumento no sabor salgado apresentaram 2,17 vezes mais chances de também relatar maior saciedade.

Ozempic - ganho de peso
Fotos: Divulgação

Impacto clínico

Segundo Moser, os efeitos desses medicamentos vão além do controle da fome:

“Esses medicamentos atuam não apenas nas áreas do intestino e do cérebro que controlam a fome, mas também nas células das papilas gustativas e nas regiões do cérebro que processam o sabor e recompensa. Isso significa que eles podem alterar sutilmente a percepção de sabores fortes, como doce ou salgado. Isso, por sua vez, pode afetar o apetite”.

O pesquisador conclui que o monitoramento dessas mudanças pode se tornar uma ferramenta importante:

“Medicamentos como Wegovy, Ozempic e Mounjaro podem alterar o paladar, fazendo com que os alimentos pareçam mais doces ou mais salgados e ajudando as pessoas a se sentirem saciadas mais rapidamente e com menos fome.

Para a prática clínica, isso sugere que o monitoramento das alterações no paladar dos pacientes pode fornecer pistas úteis sobre a resposta ao tratamento, embora o paladar por si só não impulsione diretamente a perda de peso.”

Outros efeitos colaterais já conhecidos

Além das alterações no sabor, medicamentos como Ozempic e Wegovy já foram associados a outros efeitos colaterais, incluindo:

  • Boca seca (redução da produção de saliva);

  • Mau hálito causado por desequilíbrio bacteriano na boca;

  • Danos aos dentes, especialmente em casos de vômitos recorrentes;

  • Alterações estéticas, como o chamado “rosto Ozempic”, caracterizado por aparência mais envelhecida e flacidez na pele.

  • “Cabeça de Ozempic”, termo popular que descreve um efeito visual de desproporção entre a cabeça e o corpo, surgido após uma perda de peso rápida e acentuada.

Apesar das reações adversas, especialistas reforçam que os benefícios no controle de diabetes e peso e continuam sendo o foco principal desses tratamentos.

Especialistas reforçam que o uso de medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro deve ser feito apenas com prescrição e acompanhamento médico, já que a automedicação pode trazer riscos sérios à saúde.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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