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ONU acusa Israel de genocídio em Gaza em novo relatório

Comissão da ONU afirma que Israel cometeu quatro dos cinco atos definidos como genocídio; autoridades israelenses classificam relatório como “falso” e “distorcido”

Uma comissão de inquérito da ONU divulgou nesta terça-feira (16) um relatório que acusa Israel de cometer genocídio contra palestinos em Gaza desde o início da guerra contra o Hamas em outubro de 2023.

Segundo o documento, “motivos razoáveis” para concluir que quatro dos cinco atos descritos pela Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio de 1948 foram praticados:

  • Matar membros de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso;

  • Causar danos físicos e mentais graves;

  • Impor condições de vida destinadas à destruição do grupo;

  • Impedir nascimentos.

O relatório de 72 páginas cita declarações de autoridades israelenses, como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente Isaac Herzog e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, como indícios de “intenção genocida”.

Reação de Israel ao relatório

O Ministério das Relações Exteriores de Israel rejeitou as conclusões, classificando-as como “distorcidas e falsas”.

Em comunicado, afirmou que os três peritos da comissão atuaram como “representantes do Hamas” e se basearam “inteiramente em falsidades do Hamas, lavadas e repetidas por outros”.

O órgão acrescentou:

“Em total contraste com as mentiras do relatório, o Hamas é o lado que tentou cometer genocídio em Israel — assassinando 1.200 pessoas, estuprando mulheres, queimando famílias vivas e declarando abertamente seu objetivo de matar todos os judeus.”

Um oficial militar israelense também chamou o documento de “infundado” e declarou:

“Nenhum outro país operou nessas condições e fez tanto para evitar danos a civis no campo de batalha.”

Confira antes e depois da Faixa de Gaza:

O trabalho da comissão

A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre os Territórios Palestinos Ocupados foi criada em 2021 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. É formada por três especialistas: Navi Pillay, ex-chefe de direitos humanos da ONU, o advogado australiano Chris Sidoti e o indiano Miloon Kothari.

O grupo já havia acusado o Hamas e outras facções palestinas de cometer crimes de guerra em 7 de outubro, e apontado crimes contra a humanidade por parte das forças israelenses.

No entanto, a comissão afirma que este é o relatório “mais contundente e confiável” já publicado sobre o conflito.

Próximos passos e repercussões

O documento ainda destaca que, pela Convenção da ONU, outros países têm obrigação imediata de agir para prevenir e punir o genocídio, sob risco de serem considerados cúmplices.

Enquanto isso, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) analisa uma ação movida pela África do Sul contra Israel por genocídio — acusação classificada pelo governo israelense como “infundada e baseada em alegações falsas”.

Israel lança ofensiva terrestre em Gaza

O conflito começou em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque sem precedentes contra o sul de Israel, deixando 1.200 mortos e 251 reféns.

Em resposta, Israel iniciou ofensivas em Gaza que, segundo o Ministério da Saúde local, já resultaram em ao menos 64.905 mortes. O território enfrenta crise humanitária, com 90% das casas destruídas ou danificadas, além do colapso de sistemas de saúde, água e saneamento.

Após semanas de intensos bombardeios, Israel deu início nesta terça-feira (16) a uma ofensiva terrestre na Cidade de Gaza, considerada pelo governo de Benjamin Netanyahu o último reduto do grupo Hamas no território.

De acordo com militares israelenses, as tropas avançam em direção ao centro da cidade e a operação deve se intensificar nos próximos dias.

O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou que “Gaza está em chamas” e que o Exército está “atacando com punho de ferro” para enfraquecer a estrutura do Hamas e libertar reféns.

“Não recuaremos e não desistiremos — até a conclusão da missão”, afirmou Katz.

Faixa de Gaza
Foto: Reprodução/Google Maps

População foge em massa

A ofensiva provocou novas ondas de deslocamento. Milhares de moradores da Cidade de Gaza deixaram suas casas em busca de refúgio no sul do território, que já havia recebido parte da população em fases anteriores da guerra.

Estradas ficaram congestionadas com carros lotados e famílias a pé tentando escapar. Segundo autoridades israelenses, cerca de 40% dos habitantes da cidade já abandonaram a região.

Antes da invasão terrestre, Israel havia mantido a cidade sob cerco de bombardeios diários por cerca de um mês, derrubando dezenas de arranha-céus. O governo acusa o Hamas de usar os prédios como bases operacionais.

Um oficial israelense disse à agência ‘Reuters’ que esta é a fase principal da ofensiva e que o número de tropas aumentará nos próximos dias. Segundo ele, o Exército está preparado para prolongar as operações pelo tempo necessário até derrotar o Hamas.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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