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Assistir vídeos em velocidade acelerada pode afetar seu cérebro

Pesquisa mostra que assistir aulas e conteúdos online no "modo rápido" é prático, mas pode reduzir a retenção de informações, especialmente em velocidades acima de 2x

Assistir a vídeos em velocidade acelerada tornou-se um hábito comum, sobretudo entre os jovens. Uma pesquisa feita com estudantes na Califórnia revelou que 89% ajustavam a velocidade das aulas online, prática que vem ganhando destaque em reportagens internacionais, segundo a ‘BBC News Brasil’.

A principal vantagem é clara: consumir mais conteúdo em menos tempo, o que possibilita revisões e maior eficiência no aprendizado. Além disso, a aceleração pode ajudar a manter a atenção e reduzir distrações.

No entanto, especialistas alertam que esse hábito também pode ter efeitos negativos sobre a memória e o processamento das informações.

Sobrecarga cognitiva: quando o cérebro não dá conta

Quando ouvimos informações, nosso cérebro passa por três fases: codificação, armazenamento e recuperação. Na primeira, é necessário tempo para processar o fluxo de palavras e extrair significado.

Enquanto a fala comum ocorre em torno de 150 palavras por minuto, o cérebro ainda consegue lidar com 300 ou até 450 palavras por minuto. Mas há um limite: a memória de trabalho, responsável por organizar e transferir informações para a memória de longo prazo, tem capacidade restrita.

Quando o volume de informações chega rápido demais, ocorre a chamada sobrecarga cognitiva, aumentando a chance de perder dados importantes.

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Foto: Zhen Yao/Unsplash

O que dizem os estudos sobre assistir vídeos no modo rápido

Uma meta-análise com 24 estudos analisou os efeitos de aulas online em diferentes velocidades. Os resultados mostraram que:

  • Até 1,5x, a perda de desempenho é pequena.

  • A partir de 2x, os impactos se tornam moderados a grandes.

  • Em 2,5x, a perda média de desempenho chegou a 17 pontos percentuais nas provas realizadas pelos participantes.

Os pesquisadores também observaram que adultos mais velhos (61 a 94 anos) foram mais afetados do que jovens (18 a 36 anos), possivelmente devido a um enfraquecimento natural da memória com a idade.

Hábitos, limites e dúvidas para o futuro

Apesar dos impactos, ainda não está claro se a prática frequente de assistir vídeos acelerados pode ajudar o cérebro a se adaptar. É possível que jovens lidem melhor com a carga cognitiva por estarem mais acostumados.

Outra dúvida é se há efeitos de longo prazo na função mental, seja positivos, como maior resistência cognitiva, ou negativos, como o aumento do cansaço mental.

Por fim, estudos também indicam que, mesmo em velocidades seguras como 1,5x, a experiência pode ser menos agradável, afetando a motivação para aprender.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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