O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, fez duras críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (26). Em uma publicação nas redes sociais escrita em português, Katz chamou Lula de “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”, além de associá-lo ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei.
A postagem veio acompanhada de uma imagem criada por inteligência artificial, na qual Lula aparece como marionete controlada por Khamenei.
Segundo Katz:
“Agora, ele [Lula] revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA – o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel – colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel.
Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”.

Relações Brasil–Israel em tensão
O episódio aprofunda a crise diplomática entre os dois países, já fragilizada desde o início da guerra na Faixa de Gaza. O Brasil tem criticado as operações militares israelenses, que provocaram uma grave crise humanitária entre os palestinos.
Ao mesmo tempo, o governo brasileiro condenou os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixaram mais de 1,2 mil mortos em Israel.
Na segunda-feira (25), o Ministério das Relações Exteriores israelense anunciou o “rebaixamento” das relações diplomáticas com o Brasil, após o Itamaraty não responder ao pedido de agrément para o novo embaixador designado, Gali Dagan.
Em resposta, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, declarou:
“Não houve veto. Pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”.
Confira a publicação feita pelo Ministro da Defesa de Israel contra Lula:
Quando o presidente do Brasil, Lula @LulaOficial, desrespeitou a memória do Holocausto durante meu mandato como Ministro das Relações Exteriores, declarei-o persona non grata em Israel até que pedisse desculpas.
Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e… pic.twitter.com/O0rzmTYqPA— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) August 26, 2025
Crise envolvendo embaixador brasileiro
O governo Lula considera que o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi alvo de “humilhação pública” em 2024. Após Lula comparar a ofensiva israelense em Gaza às ações de Adolf Hitler contra os judeus, Katz levou Meyer ao Museu do Holocausto, gesto considerado ofensivo pela diplomacia brasileira.
Diante do impasse, o Brasil retirou Meyer em maio de 2024 e não indicou um substituto desde então.
Veja uma foto do embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer:

Lula declarado “persona non grata”
A chancelaria israelense reafirmou que o presidente Lula é considerado “persona non grata” em Israel desde fevereiro de 2024, quando comparou a ofensiva em Gaza ao nazismo. À época, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusou o líder brasileiro de ter cruzado a “linha vermelha”.
Apesar das tensões, Amorim reiterou que o Brasil não é contra Israel, mas contra a condução da guerra:
“Digo e repito: nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo. É uma coisa absurda o que está acontecendo lá”.
Contexto da crise
As relações entre Brasil e Israel entraram em rota de colisão após os ataques do Hamas em outubro de 2023 e a resposta militar israelense.
Desde então, a diplomacia entre os dois países vive sucessivos embates, que incluem a ausência de embaixador brasileiro em Tel Aviv e a decisão de Israel de não enviar novo representante diplomático a Brasília.