Um levantamento da Vidalink, plataforma de saúde corporativa, revelou um dado preocupante sobre a saúde mental no ambiente de trabalho brasileiro: o uso de antidepressivos e ansiolíticos cresceu significativamente entre os mais jovens, especialmente na Geração Z.
A pesquisa analisou 58.949 colaboradores de 165 empresas, que consumiram 273.626 unidades desses medicamentos ao longo de 2024.
O recorte geracional aponta diferenças marcantes: a Geração Z apresentou o maior aumento, com 7,9% a mais de usuários e 6,6% de crescimento no volume. Já os Millennials registraram avanço de 6,8% em usuários e 5,6% em volume.
Em contrapartida, os grupos mais velhos mostraram queda. A Geração X teve retração de 3% em número de usuários e 3,8% em volume, enquanto os Baby Boomers caíram 5% e 3,9%, respectivamente.
Para André Baldini, CEO da Vidalink, o cenário reflete transformações culturais e sociais no trabalho.
“O isolamento vivido no período de trabalho remoto, a insegurança econômica e a sobrecarga cognitiva são fatores que impactam especialmente os mais jovens. Por outro lado, há também uma abertura maior da Geração Z em buscar ajuda médica e psicológica, reduzindo estigmas que antes afastavam as pessoas desse cuidado”, afirma.
O resultado aponta um movimento de maior conscientização sobre saúde mental no universo corporativo. Entre os fatores destacados, está a pressão por produtividade em ambientes híbridos ou totalmente digitais, além da dificuldade em separar vida pessoal e profissional.
Segundo especialistas, o aumento do consumo de psicotrópicos deve servir de alerta para empresas e gestores.
Programas de apoio psicológico, benefícios de saúde ampliados e espaços de acolhimento têm se mostrado ferramentas importantes para reduzir o adoecimento mental e prevenir impactos na performance.
A Vidalink defende que o dado não deve ser lido apenas como problema, mas também como sinal de maior acesso ao tratamento.
“Estamos vendo gerações que não hesitam em procurar ajuda profissional. Isso é positivo. O desafio das organizações é responder com políticas de bem-estar que acompanhem essa mudança de mentalidade”, completa Baldini.
O levantamento reforça que a pauta da saúde mental no trabalho está longe de ser transitória. O avanço no consumo entre jovens escancara a necessidade de estratégias mais consistentes de prevenção e suporte dentro das empresas.