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Lagarto do Ozempic pode perder 2/3 do habitat até 2082 em cenário de altas emissões

Lagarto que inspirou a criação do Ozempic pode ter redução drástica de áreas viáveis; estudo alerta para necessidade urgente de medidas de conservação

Um dos répteis mais emblemáticos da América do Norte, o monstro-de-gila (Heloderma suspectum), pode enfrentar uma redução de até dois terços do seu habitat até 2082, caso as emissões globais sigam em trajetória elevada. O animal ganhou notoriedade recente por ter inspirado a criação da semaglutida, princípio ativo do medicamento Ozempic.

O alerta vem de um estudo publicado na revista Ecology and Evolution, que analisou os impactos das mudanças climáticas no futuro da espécie.

O Ozempic é usado no tratamento da diabetes tipo 2 e, mais recentemente, popularizado como opção para perda de peso. Apesar da fama indireta, a espécie enfrenta desafios crescentes em seu ambiente natural.

Os pesquisadores modelaram diferentes cenários climáticos e apontaram que, no caso de altas emissões (RCP 8.5), até dois terços das áreas atualmente ocupadas pelo lagarto se tornarão inviáveis.

A maior parte das perdas deve ocorrer em regiões de menor elevação, mais suscetíveis ao aumento das temperaturas e à redução da disponibilidade de água.

Embora o monstro-de-gila seja considerado resistente a períodos de seca, sua biologia impõe restrições importantes: a espécie depende de micro-habitats mais frios, como tocas subterrâneas, e tem baixa atividade em condições de calor extremo.

Essa limitação comportamental reduz sua capacidade de adaptação ao avanço das temperaturas.

ozempic
Foto: H. van der Ploeg/Wikimedia Commons

As áreas montanhosas podem representar refúgios mais amenos, mas a sobrevivência nesses ambientes dependerá da disponibilidade de água e presas. Outro desafio é a capacidade limitada de deslocamento da espécie, o que dificulta migrações para altitudes mais seguras em ritmo compatível com a velocidade das mudanças climáticas.

Segundo os autores, a situação reforça a necessidade de planejamento de conservação em áreas protegidas, sobretudo em regiões de altitude mais elevada que possam servir de abrigo climático no futuro.

Sem ações coordenadas, o monstro-de-gila pode sofrer um colapso populacional em poucas décadas.

O estudo se soma a um conjunto crescente de pesquisas que demonstram como as mudanças climáticas ameaçam não apenas espécies frágeis, mas também animais que, até pouco tempo atrás, eram considerados altamente resistentes.

No caso do monstro-de-gila, um símbolo do deserto norte-americano e da inovação farmacêutica, o risco é duplo: perder um ícone natural e, ao mesmo tempo, comprometer uma fonte valiosa de conhecimento biomédico.

José Elias

José Elias Mendes, mais conhecido como Dolfo, já foi reconhecido pelo ranking Top 10 Jornalistas Brasileiros do LinkedIn. Por lá, fala um pouquinho de tudo e está sempre aberto a conversar. Por aqui, atua como repórter para o site do OCorre News.

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