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‘Se for homossexual, nem precisa’, diz empresária acusada de homofobia em processo seletivo

Polícia Civil apura declarações atribuídas a dona de clínica geriátrica em Marialva (PR); enfermeira registrou boletim de ocorrência após receber mensagens

A Polícia Civil do Paraná abriu investigação contra a empresária Rosangela Silva Pinto, suspeita de crime de homofobia durante o processo de seleção de funcionários para uma clínica geriátrica que será inaugurada em Marialva, no norte do estado.

De acordo com a denúncia, áudios atribuídos à empresária revelam que ela se recusava a contratar profissionais homossexuais. As gravações foram entregues à polícia por uma enfermeira lésbica que, após receber as mensagens, registrou boletim de ocorrência por injúria na última terça-feira (12).

O que dizem os áudios?

Nas mensagens, a empresária pede indicações de candidatos para a vaga, mas com uma ressalva:

“Se você quiser me indicar técnicos de enfermagem homens, que não ‘seje’ homossexual. Porque homossexual eu não admito na minha equipe, tá? Então, assim, é somente homens, tá? E lésbica também não, tá? Mulheres e homens profissionais da enfermagem, entende?”. 

Em outro áudio, encaminhado para a pessoa que havia indicado a enfermeira, a fala é ainda mais explícita:

“O problema é quando [a homossexualidade] sai das quatro paredes para a sociedade. E quer que a gente engula, quer que a gente aceita [sic]”.

Nas redes sociais, o áudio repercutiu bastante. “Completamente sem nenhuma noção de ética, de leis, e de caráter”, disse uma internauta. “A pessoa destila o preconceito com tanta naturalidade que impressiona”, comentou mais uma. “Se sentem tão impunes que até deixam documentado em áudio”, afirmou outra pessoa.

“Que feio fechar teus comentários. Não tem coragem, não??? Agora ser preconceituosa e crimino$@ pode né?”questionou uma internauta à Rosangela depois dela ter limitado os comentários no Instagram oficial da clínica depois da polêmica.

BANDEIRA-LGBT
Foto: Lazy_Bear/Envato

Depoimentos e investigação

Segundo a denunciante, antes dos áudios havia um acordo para que ela integrasse a equipe. No entanto, a empresária informou que não a contrataria e justificou a decisão com as mensagens enviadas, dizendo que não admite homossexuais em sua equipe.

O delegado Aldair Oliveira, responsável pelo caso, informou que a empresária foi intimada para prestar depoimento na sexta-feira (15), mas apresentou atestado médico e não compareceu. O interrogatório foi reagendado para esta segunda-feira (18).

O inquérito apura o caso com base na Lei nº 7.716/89, conhecida como Lei do Racismo, que, até a criação de legislação específica, abrange crimes contra a população LGBTQIAPN+ no Brasil.

Procurada pela reportagem, a empresária afirmou que “não tinha nada a declarar” sobre as acusações.

Ouça abaixo o áudio da empresária acusada de homofobia.

O áudio a seguir contém declarações ofensivas e discriminatórias direcionadas à população LGBTQIAPN+. A escuta pode causar desconforto. Recomendamos cautela ao prosseguir:

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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