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Vídeo de Felca acende alerta e faz denúncias de abuso online dispararem

Publicação feita há 6 dias mobilizou autoridades, organizações e Congresso; governo promete projeto de lei para punir plataformas que não combatam crimes online

As denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes na internet mais que dobraram nos últimos seis dias, após a publicação de um vídeo do influenciador Felca que expôs a gravidade do problema nas redes sociais.

Segundo informações divulgadas no ‘Jornal Nacional’, o Disque 100, canal do governo para denúncias de violações de direitos humanos, recebeu mais de mil registros desde o dia 6. Já a ONG SaferNet registrou aumento de 114% nas notificações relacionadas a pornografia infantil em plataformas digitais.

Autoridades alertam para riscos na exposição de imagens

A juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, alertou para o uso indevido de fotos comuns publicadas por pais e responsáveis:

“A internet é a rua, é um lugar público perigoso”, destacou a juíza, que continuou:

“Você iria para a rua com um pacote de fotos da sua filha de biquíni, do seu filho sem camisa jogando futebol, da sua filha fazendo balé e sairia distribuindo essas fotos para um estranho que estivesse passando?”

Segundo a magistrada, 90% do material encontrado em grupos de pedofilia não é explícito, mas composto por imagens e vídeos do dia a dia das crianças, compartilhados nas redes sociais sem restrição.

Crescimento de grupos no Telegram preocupa

Em fevereiro, a SaferNet já havia identificado aumento de 80% no número de canais no Telegram que compartilhavam conteúdo de abuso infantil, reunindo 1,4 milhão de usuários sem moderação adequada.

Para o presidente da ONG, Thiago Tavares Nunes de Oliveira, em entrevista ao ‘Jornal Nacional’:

“Os números comprovam que há um aumento sistêmico, consistente e persistente do problema e que exige uma resposta à altura por parte dos reguladores.”

TV Globo - matéria - vídeo Felca
Foto: Reprodução/TV Globo

Ações no Congresso e possíveis mudanças na lei

O governo anunciou que enviará ao Congresso Nacional um projeto de lei para regular e punir big techs que não removam conteúdo criminoso. No Senado, 70 parlamentares já assinaram pedido para abertura de uma CPI sobre a atuação de influenciadores e plataformas. Na Câmara, surgiram 35 novos projetos sobre o tema.

O presidente da Casa, Hugo Motta, declarou:

“Existem matérias que são urgentes. E existem matérias que são mais do que urgentes: elas são inadiáveis. Porque uma infância perdida não se recupera.”

Propostas de responsabilização das plataformas

Um dos projetos prontos para votação, do senador Alessandro Vieira (MDB), prevê multas e até proibição de atividades para empresas que não cumprirem a lei, além de responsabilização civil e criminal.

“Elas têm as ferramentas, então elas sabem perfeitamente se é uma criança ou é um adulto que está usando a ferramenta, […] mas elas se preocupam apenas em extrair dados e rendimento daquilo”, afirmou Vieira.

A Sociedade Brasileira de Pediatria também se posicionou a favor da responsabilização das plataformas, ressaltando que “cada dia sem essa proteção é um dia a mais de risco para milhões de crianças brasileiras”.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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