A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta quinta-feira (7), a Operação Desfortuna, que investiga influenciadores digitais suspeitos de divulgar e lucrar com plataformas ilegais de jogos de azar, incluindo o popular ‘Jogo do Tigrinho’.
A ação, conduzida pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) em parceria com o Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD), cumpre 31 mandados de busca contra 15 influenciadores. O caso envolve indícios de fraude, lavagem de dinheiro e suposta ligação com o crime organizado.
Influenciadores entre os alvos
Entre os investigados está Mauricio Martins Junior, conhecido como Maumau ZK, preso em flagrante em São Paulo por porte de arma de uso restrito: uma pistola calibre 38 com numeração raspada. Ele soma 3,4 milhões de seguidores nas redes sociais.
Também figuram na lista Bia Miranda (5,1 milhões de seguidores), Jenny Miranda (mãe de Bia, com mais de 1 milhão de seguidores) e Samuel Sant’Anna da Costa, o Gato Preto (400 mil seguidores), que tem um filho com Bia. Outro nome é Rafael da Rocha Buarque (2,8 milhões de seguidores), ex-namorado de Bia e também pai de um de seus filhos.
Além deles, a investigação mira:
Paola de Ataíde Rodrigues (Paola Ataíde); Tailane Garcia dos Santos Laurindo (Tailane Garcia); Paulina de Ataíde Rodrigues (Paulina Ataíde); Nayara Silva Mendes (Nayala Duarte); Lorrany Rafael Dias (Lorrany Rafael); Vanessa Vatusa Ferreira da Silva (Vanessinha Freires); Tailon Artiaga Ferreira Silva (Mohammed MDM); Ana Luiza Ferreira do Desterro Guerreiro (Luiza Ferreira) e Micael dos Santos de Morais, da Agência MS.
Veja fotos de alguns dos influenciadores alvo da Operação Desfortuna. Da esquerda para a direita: Bia Miranda, Buarque, Paulina Ataíde, Maumau ZK, Tailane Garcia, Gato Preto e Paolla Ataide:
Como funcionava o esquema?
Segundo a polícia, os suspeitos atraíam seguidores com promessas de “lucros fáceis” por meio de rifas ilegais e jogos de azar online — práticas proibidas no Brasil.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificaram movimentações bancárias suspeitas superiores a R$ 4 bilhões, além de sinais de enriquecimento incompatível com os rendimentos declarados. Nas redes sociais, os investigados exibiam viagens internacionais, carros de luxo e imóveis de luxo.
As autoridades afirmam que os investigados fariam parte de uma organização criminosa estruturada, com divisão de funções entre divulgadores, operadores financeiros e empresas de fachada para ocultar a origem ilícita do dinheiro.
Delegado fala sobre os próximos passos
De acordo com o delegado Renan Mello, em entrevista à ‘CNN’, a operação abre uma nova fase da apuração:
“A partir dessa operação, a gente vai ter a quebra do sigilo bancário e fiscal dos envolvidos, e o laboratório de lavagem de dinheiro vai fazer uma análise minuciosa dos dados fiscais e dos dados bancários dos investigados.”
O delegado ainda revelou que, mesmo com investigações em andamento, alguns alvos continuaram divulgando os jogos:
“Um dos alvos de hoje estava fazendo publicação de publicidade de jogo de azar ontem, na noite anterior à operação. Então, apesar dos registros formais nas delegacias, essa atividade, a sensação de impunidade era tamanha, que essa atividade estava visível aos olhos de qualquer pessoa.”
Investigações continuam
A Polícia Civil não descarta novos desdobramentos e outras possíveis prisões. Alguns dos investigados já haviam sido alvos de operações anteriores, o que pode indicar reincidência e reforçar os indícios de ligação com o crime organizado.
