Depois de cinco temporadas fora da televisão aberta a Fórmula 1 está prestes a retomar sua antiga casa nas matinês de domingo. Em 11 de julho de 2025, a Liberty Media anunciou que firmou um acordo multianual com a Globo para exibir a F1 de 2026 até 2028 — até 15 etapas por ano na TV aberta, enquanto o canal por assinatura SporTV e a plataforma digital Globoplay terão todo o conteúdo em tempo real ou sob demanda.
Essa notícia reacende memórias de domingo com Ayrton Senna, Rubens Barrichello e Felipe Massa: uma ligação íntima entre gerações de fãs e a paixão nacional pelo esporte a motor.
Negociação inédita com coração público
Desde 2021, a Band domina a transmissão da F1 aberta no Brasil. O contrato atual vence em dezembro de 2025, e foi marcado por um pagamento turbulento que colocou a emissora em risco durante negociações anteriores.
Ao mesmo tempo, Globo capitalizou o prestígio acumulado em décadas de cobertura histórica, mobilizando executivos, plataformas multiplataforma e o apelo emocional do Sunday Grand Prix para esquentar a negociação com a Liberty Media.
Segundo reportagem do Lance!, mesmo com proposta inferior em valor, a Liberty deu preferência à Globo por seu alcance e audiência esperada de oito pontos por corrida — contra cerca de quatro da Band. A Band chegou a oferecer valores maiores, mas a confiança no potencial da Globo prevaleceu.
Band e Globo disputam no grid da capilaridade
Os bastidores das negociações foram intensos. A Band quitou pendências e tentou demonstrar empenho para renovar o contrato. A estratégia buscou mostrar segurança financeira à Liberty Media, mantendo assim a confiança da detentora dos direitos caso a negociação endurecesse.
Por outro lado, a Globo apostou numa combinação de sinal aberto + TV paga + streaming, o que permite alcance massivo sem restringir o fã ao formato fechado. Esse modelo híbrido agrada ao público X (como antigamente chamada a TV aberta) e oferece argumentos fortes para patrocinadores e plataformas digitais.
Como funcionará a programação
No novo modelo, serão 15 corridas exibidas ao vivo na TV Globo, com reprises possíveis nas madrugadas. Já o SporTV e o Globoplay vão transmitir todas as etapas da temporada — incluindo os treinos livres, classificatórios, corridas sprint e os 24 GPs com direito a conteúdo extra e análises.
A escolha das etapas na TV aberta foi estratégica: evitar corridas com horário no horário da tarde no Brasil e também evitar conflitos com a Copa do Mundo de Futebol em 2026, agendada para junho, julho e agosto no México, Estados Unidos e Canadá.
Na imprensa especializada há também levantamento de bastidores sobre quais canais de TV aberta poderão exibir quais corridas e como será a divisão da agenda. Há consenso de que é uma janela de audiência gigantesca para a Globo.
Fã que é fã se emocionou de novo
Para o torcedor que viveu o fim de semana em família nos anos 90 e 2000, ouvir a narração imitando Galvão Bueno na voice-over das chamadas da F1 na Globo será reencontro com a própria história. Nas redes sociais, hashtags como #F1NaGlobo e #DomingoDeF1 viraram assunto entre torcedores que guardavam ingressos antigos, camisetas e adesivos.
A expectativa é que as transmissões tragam novamente erro de transmissão, comentário apaixonado e líderes de torcida eletrônicos comentando em tempo real. Para muitos, será como ouvir novamente o ronco de um motor ao vivo — algo que o streaming, por mais eficiente que seja, nunca substitui completamente.
Público, marcas e motivadores do retorno
Do ponto de vista comercial, a decisão da Liberty Media apoia-se em dados: o Brasil é hoje o segundo maior mercado da Fórmula 1 nas redes sociais, com 71 milhões de fãs, entre os quais quase metade é formada por mulheres e 39% têm menos de 35 anos.
Para patrocinadores, o retorno da F1 ao domingo da Globo representa exposição gratuita ao evento, com visibilidade espontânea e impacto de audiência nacionais. Já para o SporTV e Globoplay, a cobertura completa garante assinatura e retenção de público em outros esportes e variedades. O modelo híbrido mira rentabilidade, tradição e modernidade ao mesmo tempo.
O que esperar agora?
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Lançamento oficial da programação F1 na grade da Globo a partir de 2026, com chamadas promocionais e pilotos como embaixadores.
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Bandares com fãs e torcedores nos centros urbanos pedindo a volta da F1 ao domingo da televisão aberta.
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Discussão sobre bônus de audiência, cobrança por streaming e elegibilidade do F1 TV Pro no Brasil.
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A reação da Band: manterá a cobertura da temporada de 2025 com vigor e pode disputar outras modalidades esportivas de peso.
A volta da F1 é mais que um negócio
O anúncio da Globo como nova casa da Fórmula 1 acende a pista para um retorno à convivência simbólica que o esporte tinha com o povo brasileiro. Festa de domingo, expectativa antes da largada, debates pós corrida, tudo volta a ter potencial de liderar a audiência.
Mais do que leitura de tempos, grids e estratégias, o futuro imediato nos faz lembrar que o ronco dos V6 turbos e a história dos pilotos brasileiros ainda têm lugar no coração de quem vive esse esporte como parte da identidade nacional. Essa retomada é, antes de qualquer contrato, uma corrida pelo que ainda nos conecta: emoção, presença e memória compartilhada.