Data...

EUA autorizam ações secretas e ‘operações letais’ na Venezuela, diz jornal

De acordo com o 'The New York Times' a administração Trump deu aval para operações clandestinas contra o governo de Nicolás Maduro, ampliando a tensão entre Washington e Caracas

O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA) a realizar ações secretas na Venezuela, que podem incluir “operações letais”, segundo reportagem publicada pelo jornal ‘The New York Times’ nesta quarta-feira (15).

Autoridades norte-americanas afirmaram ao jornal que o objetivo dessas medidas seria remover o presidente Nicolás Maduro do poder, em meio à crescente pressão internacional e às acusações de envolvimento do líder venezuelano com o tráfico de drogas.

Escalada de tensões entre EUA e Venezuela

A autorização representa mais um capítulo na crise diplomática entre Washington e Caracas. No mês anterior, veículos da imprensa norte-americana já haviam informado sobre uma operação militar em estudo pelos EUA, com foco em estruturas ligadas a cartéis de drogas.

Maduro é acusado pelos Estados Unidos de comandar o Cartel de los Soles, considerado pelo governo Trump uma organização terrorista internacional.

Possíveis “operações letais” no Caribe

Segundo o ‘New York Times’, as ações da CIA podem incluir operações armadas e outras iniciativas de inteligência no Caribe, tendo como potenciais alvos o governo venezuelano e aliados próximos de Maduro. Ainda não há informações sobre quando ou se as operações já começaram.

Em agosto, o governo dos EUA enviou navios e aeronaves militares para a região sul do Caribe, justificando a ação como parte de uma operação contra o narcotráfico internacional.

O Departamento de Justiça norte-americano chegou a oferecer uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano.

Operações militares no Caribe

Desde setembro, os Estados Unidos vêm realizando bombardeios contra embarcações que, segundo o governo, pertencem a organizações narcoterroristas. Ao todo, 27 pessoas morreram nesses ataques.

O mais recente ocorreu na terça-feira (14), quando militares americanos atingiram um barco em águas internacionais próximas à costa da Venezuela, resultando em seis mortes.

“A inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos, estava associada a redes ilícitas de narcoterrorismo e transitava por uma rota conhecida de organização terrorista”, publicou Trump em uma rede social.

Donald Trump - presidente EUA
Foto: Reprodução/Instagram

Críticas e reações internacionais

As ações norte-americanas foram criticadas por organizações de direitos humanos. A Human Rights Watch classificou os bombardeios como “execuções extrajudiciais ilegais”, apontando violação do direito internacional.

O tema também foi debatido no Conselho de Segurança da ONU, que expressou preocupação com a possibilidade de execução de civis sem julgamento e com uma possível escalada militar na região.

O governo da Venezuela solicitou à comunidade internacional que investigue os ataques, alegando que as vítimas apontadas pelos EUA como narcotraficantes eram, na verdade, pescadores.

Especialistas alertam para risco de intervenção militar

Analistas internacionais afirmam que o volume de recursos militares enviados pelos EUA à região não condiz com uma simples operação antidrogas.

“Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado para a Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis”, avaliou o cientista político Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA.

O pesquisador Maurício Santoro, doutor em Ciência Política e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, acredita que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar.

“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.

Contexto histórico das operações da CIA na América Latina

O ‘New York Times’ relembrou que operações secretas da CIA na América Latina não são novidade.

Desde o século passado, a agência esteve envolvida em golpes de Estado que resultaram em ditaduras militares em países como Brasil e Chile.

Entre os exemplos mais conhecidos está a operação de 2011 que culminou na morte de Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda — um dos raros casos em que uma ação da CIA foi tornada pública após sua conclusão.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Envie sua notícia!

Participe do OCorre enviando notícias, fotos ou vídeos de fatos relevantes.
Preencha o formulário abaixo e, após verificação de nossa equipe, seu conteúdo poderá ser publicado.