Pesquisadores identificaram um novo coronavírus, batizado de HKU5-CoV-2, em morcegos na China.
Embora o vírus utilize o mesmo receptor ACE2, responsável pela entrada do SARS-CoV-2 (causador da Covid-19) nas células humanas, não há registros de infecção em pessoas até o momento.
De acordo com testes laboratoriais, o HKU5-CoV-2 é capaz de se ligar a células humanas, mas faz isso com eficiência muito inferior à observada no SARS-CoV-2.
Isso significa que, nas condições atuais, o vírus não consegue infectar ou causar doenças em humanos, o que o classifica como um baixo risco de transmissão zoonótica.
O infectologista Alexandre Naime, consultado sobre o caso, explicou que a descoberta faz parte do monitoramento genômico de rotina conduzido por instituições de pesquisa.
“Esses achados são esperados e importantes para a ciência. Não representam uma ameaça imediata, mas ajudam a entender melhor o comportamento dos coronavírus em ambientes naturais”, afirmou.
O estudo foi liderado pela virologista Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan, reconhecida internacionalmente por seu trabalho na identificação e classificação de coronavírus em morcegos.
A equipe agora pretende monitorar a presença do HKU5-CoV-2 em outras espécies animais, especialmente aquelas que vivem próximas a centros urbanos, para avaliar se há potencial de adaptação viral.
Os pesquisadores reforçam que nenhum caso humano foi detectado e que a vigilância científica é o principal instrumento para prevenir possíveis surtos futuros.
O monitoramento contínuo de vírus em animais silvestres permite identificar mutações e padrões genéticos que podem representar risco no futuro, possibilitando respostas mais rápidas e eficazes em caso de emergência.
A descoberta do HKU5-CoV-2 é um lembrete de que o trabalho de vigilância virológica global deve ser permanente, não apenas em momentos de crise. “A ciência está fazendo seu papel: observar, compreender e prevenir”, conclui Naime.