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Governo amplia acesso à casa própria com novo modelo de crédito imobiliário

Valor máximo do imóvel no SFH sobe para R$ 2,25 milhões e Caixa volta a financiar até 80% do valor; mudanças devem liberar mais de R$ 100 bilhões para o setor

O governo federal anunciou, nesta sexta-feira (10), em São Paulo, um novo modelo de financiamento habitacional voltado à classe média.

A iniciativa amplia o valor máximo dos imóveis financiados e aumenta o percentual de crédito concedido pela Caixa Econômica Federal, com o objetivo de estimular o setor da construção civil e impulsionar a geração de empregos.

De acordo com o Palácio do Planalto, o limite de valor dos imóveis financiados dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, também confirmou que o banco voltará a financiar até 80% do valor do imóvel, retomando o percentual anterior à redução implementada em novembro de 2024.

Medida deve impulsionar crédito e construção civil

Segundo o governo, a nova estrutura beneficia especialmente a classe média, com potencial de financiar 80 mil novos imóveis com juros de até 12% ao ano, abaixo da taxa básica de 15%. O ministro das Cidades, Jader Filho, destacou que a mudança visa ampliar o acesso à moradia.

Essa medida atende a uma faixa da população que estava sem acesso a crédito habitacional. Hoje, as famílias nas faixas de renda 1, 2, 3 e 4, que vão até R$ 12 mil, são atendidas pelo Minha Casa Minha Vida. Acima disso, as pessoas estavam sem alternativas”, afirmou.

Entenda as novas regras

Pelas regras atuais, 65% dos recursos da poupança devem ser destinados ao crédito imobiliário, enquanto 15% são livres e 20% ficam retidos no Banco Central como depósitos compulsórios.

Com o novo modelo, até 5% dos saldos de poupança utilizados no crédito habitacional poderão ser deduzidos desses depósitos.

O Banco Central estima que a medida liberará R$ 111 bilhões em recursos no primeiro ano, sendo R$ 52,4 bilhões adicionais para o financiamento de moradias, dos quais R$ 36,9 bilhões estarão disponíveis de forma imediata.

Transição gradual até 2027

O governo informou que a implementação do novo sistema será gradual, com plena vigência prevista para janeiro de 2027.

Durante o período de transição:

  • O direcionamento de 65% dos depósitos da poupança para o crédito habitacional será mantido;

  • O volume de depósitos compulsórios cairá de 20% para 15%;

  • 5% dos recursos serão aplicados no novo regime.

A mudança permitirá que instituições financeiras que não captam poupança também concedam crédito habitacional em condições semelhantes, ampliando a concorrência no setor.

Crédito Imobiliário
Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução/Instagram

Poupança e crédito: contexto econômico

Atualmente, os recursos da poupança vinculados à habitação somam R$ 755 bilhões, uma queda em relação ao pico de R$ 801 bilhões em 2020. A retração é atribuída ao aumento da taxa básica de juros, que tem tornado outras aplicações financeiras mais atrativas.

“O novo modelo de financiamento de crédito imobiliário viabiliza R$ 111 bilhões de recursos no primeiro ano”, informou o Banco Central, destacando que a mudança pretende compensar a queda nos depósitos e reaquecer o crédito imobiliário.

Repercussão entre autoridades e setor da construção

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que a ampliação do uso dos recursos da poupança aumentará a oferta de crédito “de maneira que a elevação da taxa [de juros] não ocorra”.

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia, celebrou o anúncio:

“Depois do MCMV, lançar o novo sistema para a classe média demonstra compromisso inabalável com a moradia digna para o povo brasileiro”, declarou.

Segundo o governo, a poupança será maximizada como fonte de financiamento, reforçada por captações de mercado via LCIs e CRIs.

Lula e Alckmin destacam foco na classe média

Durante a cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que o novo modelo foi pensado para atender trabalhadores que não se enquadram nos programas de habitação popular.

“Um trabalhador metalúrgico, um bancário, um químico, um gráfico, um professor, que ganha R$ 10 mil por mês, R$ 8 mil… essas pessoas não tinham direito a comprar casa porque nem são pobres, nem estão na faixa 1 e nem na faixa 2. Esse programa foi feito pensando nessa gente”, afirmou Lula.

Após o evento, o vice-presidente Geraldo Alckmin comemorou a iniciativa nas redes sociais:

“Moradia é direito e crédito é a forma de alcançá-lo. O presidente Lula anunciou hoje a ampliação do crédito imobiliário a famílias com renda de até R$ 9.600. […] O governo está dando crédito, oportunidade e esperança de uma vida melhor”, escreveu.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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