A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, aos 58 anos, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como a vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2025. O Comitê Norueguês do Nobel reconheceu seu papel de destaque na defesa da democracia e dos direitos civis em um dos períodos mais desafiadores da história recente da Venezuela.
Segundo o comunicado oficial, Machado foi premiada “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
Reconhecimento internacional
Durante o anúncio em Oslo, o comitê afirmou que a líder opositora “ajudou a manter a chama da democracia acesa em meio a uma escuridão crescente”. A escolha de concentrar o prêmio na situação venezuelana foi vista como um gesto simbólico de apoio à população do país e à luta por liberdades civis.
Em um cenário global marcado por tensões políticas, o comitê também observou que o prêmio reflete a importância de “reconhecer esforços genuínos em prol da paz e dos direitos humanos, especialmente em contextos autoritários”.

Contexto político e bastidores do prêmio
A decisão ocorre em um ano em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chegou a afirmar publicamente que merecia o Nobel da Paz.
Antes da divulgação do resultado, especialistas já indicavam que ele não seria contemplado, argumentando que suas ações estariam “desmantelando a ordem mundial internacional que o comitê do Nobel preza”.
Com o anúncio, o foco recaiu sobre a realidade política da Venezuela e sobre a atuação de líderes e movimentos que continuam a defender a restauração democrática no país.
Trajetória de María Corina
María Corina Machado é uma política, engenheira e líder opositora venezuelana, nascida em 7 de outubro de 1967, em Caracas. Formada em Engenharia Industrial pela Universidade Católica Andrés Bello, também estudou Políticas Públicas na Universidade Yale, nos Estados Unidos.
Ela se destacou no início dos anos 2000 ao fundar a organização Súmate, voltada à defesa da transparência eleitoral e da participação cidadã, o que a colocou em confronto direto com o governo de Hugo Chávez.
Em 2010, foi eleita deputada da Assembleia Nacional, tornando-se uma das vozes mais firmes contra o chavismo. María Corina exerceu assentos na Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014, mas teve o mandato cassado pela mesa diretora da Casa, então presidida por Diosdado Cabello, sob o argumento de que ela teria violado normas constitucionais ao atuar como representante “suplente” do Panamá na Organização dos Estados Americanos (OEA).
Já em janeiro de 2025, María Corina foi presa após participar de uma manifestação contra o presidente Nicolás Maduro. A líder opositora chegou a ser barrada de participar das eleições de 2024, mas atuou ativamente na campanha de Edmundo González.
Após sua prisão ser divulgada, o ex-candidato à presidência da Venezuela cobrou publicamente a libertação de María Corina Machado.
Em toda sua trajetória política, María Corina tem sido uma das principais figuras da oposição venezuelana, denunciando violações de direitos humanos e defendendo uma transição democrática pacífica.
Atualmente, é considerada uma das líderes mais influentes do país e símbolo da resistência democrática na Venezuela.
O valor e a tradição do Nobel da Paz
O Prêmio Nobel da Paz, avaliado em 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,2 milhão, aproximadamente R$ 6,2 milhões na cotação atual do dólar), será entregue em 10 de dezembro, data que marca o aniversário da morte de Alfred Nobel, o inventor sueco que criou a premiação em seu testamento de 1895.
A cerimônia, realizada anualmente em Oslo, reúne chefes de Estado, diplomatas e representantes da sociedade civil para celebrar personalidades e organizações que contribuem para um mundo mais justo e pacífico.